Summary: | Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a presença da crença nas ideias evolucionistas - ao mesmo tempo místico-religiosas e científicas - do filósofo Pitágoras (570-490 a.C.) nos escritos do intelectual negro André Rebouças (1838-1898). Pretende-se compreender os sentidos atribuídos pelo abolicionista brasileiro à sua “propaganda pitagórica”, como caminho ideal para se alcançar as transformações da sociedade, por meio de projetos reformistas voltados tanto ao Brasil quanto à África (1892-1893). Em sua militância, ele acreditava, em consonância com o pensador grego, que o mundo estava em constante evolução moral e material, e sua transformação era ordenada matematicamente pela harmonia dos opostos. Nesse sentido, uma sociedade conduzida por virtudes e comportamentos morais rígidos e disciplinados teria, como consequência, o desenvolvimento social e econômico menos desigual, e vice-versa. Assim, Rebouças defendia, de modo concomitante, um projeto de intervenção moral e material na sociedade como etapa para se alcançar uma futura fraternidade universal, baseada no altruísmo. Com base em seus artigos de jornais, cartas e diários, escritos entre 1888 e 1893, o texto demonstra que André Rebouças inspirou-se nas ideias pitagóricas de evolução do cosmos para propor soluções para causas sociais como a abolição da escravidão e da miséria e a democratização do acesso à terra.
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