MUCORMICOSE RINO-ÓRBITOCEREBRAL EM PACIENTE DIABÉTICA

Introdução: A apresentação clínica da mucormicose é ampla, dependendo do estado imunológico subjacente e das comorbidades do hospedeiro. Trata-se de uma infecção angioinvasiva, que frequentemente se dissemina com consequências fatais ou mutilantes. Em diabéticos, as principais formas são rinocerebra...

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Main Authors: Pedro Antônio Passos Amorim, Moara A.S.B. Borges, Carolina A.E. Terceiro, Luiz Alves Ferreira Filho, Bruna Estrozi, Gabriel Santos Castro, Nathálya Rodrigues Queiroz, Claudiney Candido Costa, Leandro Azevedo Camargo, Adriana Oliveira Guilarde
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2022-09-01
Series:Brazilian Journal of Infectious Diseases
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S141386702200215X
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author Pedro Antônio Passos Amorim
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description Introdução: A apresentação clínica da mucormicose é ampla, dependendo do estado imunológico subjacente e das comorbidades do hospedeiro. Trata-se de uma infecção angioinvasiva, que frequentemente se dissemina com consequências fatais ou mutilantes. Em diabéticos, as principais formas são rinocerebral, sino-orbital e cutânea. Objetivo: Descrever um caso de mucormicose rino-órbitocerebral em paciente diabética com diagnóstico tardio. Resultados: Feminino, 57 anos, obesa, portadora de doença renal crônica não dialítica, hipertensão arterial e diabetes com mau controle. Há 4 meses iniciou cefaleia hemicraniana esquerda de forte intensidade, associada a rinorreia purulenta. Após 4 dias, evoluiu com dor ocular esquerda (E), associada a edema, hiperemia e drenagem de secreção purulenta. Teve diagnóstico de celulite periorbitária E, com abscessos cutâneos e pequeno empiema subdural à tomografia de crânio, sendo iniciados antibióticos parenterais (não relatados) e realizada drenagem local, sem envio para cultura. Apesar do manejo inicial, progrediu com amaurose E, piora da cefaleia e dor em hemiface. Após três meses, foi admitida em hospital de referência, com achados à ressonância magnética de sinusite extensa de seio maxilar, comprometimento de órbita E, tromboflebite de seio cavernoso e osteomielite destrutiva. A etiologia fúngica foi aventada, indicado desbridamento, manejo rigoroso da hiperglicemia, terapia antifúngica (anfotericina B desoxicolato 50 mg/kg/dia, seguida de complexo lipídico – ABCL 5 mg/kg/dia por nefrotoxicidade) e antibacteriana com meropenem e vancomicina, trocados posteriormente para ceftriaxone e clindamicina, quando o resultado parcial da biópsia sugeriu actinomicose. Biópsias de órbita e fossa nasal profunda evidenciaram tecido necrótico contendo estruturas amorfas permeadas por filamentos delgados. Ao PAS, hifas espessas, grosseiras, asseptadas e ramificadas, sugestivas de mucormicose. Culturas de fragmentos foram negativas para bactérias e fungos. Paciente com evolução grave, submetida a múltiplos desbridamentos e exenteração de olho E. Nova cultura de fragmento de tecido positiva para Burkholderia spp, cujo tratamento foi ajustado para levofloxacina e manutenção da ABCL 10 mg/kg/d. Conclusão: O diagnóstico e tratamento da mucormicose exige alta suspeição clínica, abordagem multidisciplinar, controle de fatores predisponentes, desbridamento amplo, envio de fragmentos para histopatológico e culturas, com uso de terapia antifúngica prolongada, a fim de evitar desfechos desfavoráveis.
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