Summary: | Este estudo analisa a construção alegórica do inferno na obra Condenada, de Chuck Palahniuk, com o objetivo de apontar a vertente corrosiva do escritor ao descrever a política, a cultura e a economia estadunidenses contemporâneas. Centrando-se no olhar da personagem Madison, uma menina de 13 anos de idade recém-chegada ao inferno, a investigação coloca em relevância as críticas palahniukianas ao padrão estético-corpóreo, à cultura midiática da inação, ao regime semiescravo sustentado por multinacionais, à retroalimentação da política de débito econômico-social disfarçada em alargamento de crédito para as minorias e ao preenchimento de parâmetros de justiça por meio da ordem do consumo. Para tanto, serão articulados a esta comunicação alguns pesquisadores que comentam a condução hegemônica do mundo corporativo no agenciamento de valores contemporâneos, como Zygmunt Bauman e Joel Bakan, alguns polemistas que divulgam o agigantamento do débito socioeconômico das nações pelo sistema do mercado bancário de reserva fracionada, como William T. Still e Peter Joseph, e alguns ideólogos que sustentam a radicalidade como instrumento necessário para o enfrentamento político, como Russel Jacoby e Hakim Bey. Ao avaliar como Madison retoma uma fala sobre a sua identidade e a função da imagem do inferno no mundo contemporâneo, verificar-se-á o paralelismo de como a personagem pode modificar seu condicionamento identitário no próprio inferno e de como o inferno pode ser interpretado como força internalizada que falsifica a vontade e que precisa ser denunciada e combatida.
|