Programa de Pós-Graduação em Geografia - Teses Defendidas 1999 - Doutorado - Instituto de Geociências - Universidade Federal do Rio de Janeiro

131 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 Programa de Pós-Graduação em Geografia Teses Defendidas - Doutorado Nome: Carlos Santos Orientador: Lia Osorio Machado Título: A Territorialidade na Colonização em Rondônia Resumo: Este trabalho trata da aplicação do conceito de...

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Bibliographic Details
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 1999-01-01
Series:Anuário do Instituto de Geociências
Subjects:
Online Access:http://www.anuario.igeo.ufrj.br/anuario_1999/vol22_131_137.pdf
Description
Summary:131 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 Programa de Pós-Graduação em Geografia Teses Defendidas - Doutorado Nome: Carlos Santos Orientador: Lia Osorio Machado Título: A Territorialidade na Colonização em Rondônia Resumo: Este trabalho trata da aplicação do conceito de territorialidade a um processo recente de colonização oficial, como resultado da expansão da fronteira agrícola nacional. Pelo desvendamento dos mecanismos da territorialidade, as estratégias de controle territorial por parte do poder político oficial, coadjuvado pelo poder econômico privado, também podem funcionar a favor dos seus afetados. É o caso de pequenos produtores rurais, migrantes desterritorializados em suas regiões de origem, assentados pela União em Rondônia. A sobrevivência dessa agricultura familiar depende de apoio institucional (governamental ou não) para inserir-se no mercado globalizado. Horizonte, cuja consistência depende de um padrão agrícola de efetiva sustentabilidade. Nome: Heleniza Avila Campos Orientador: Marcelo José Lopes de Souza Título: Permanências e Mudanças no Quadro de Requalificação Sócio-Espacial da Área Central do Recife (Pe): Estudo Sobre Territorialidades Urbanas em Dois Setores "Revitalizados" Resumo: Este trabalho contempla reflexões acerca dos efeitos do planejamento urbano - e em particular, de pianos de revitalização - na organização espacial de áreas centrais urbanas. Esses planos tendem a redefinir significados de tais áreas para os grupos sociais que nelas vivem - ou que por elas anseiam - em diversos níveis de apreensão, "requalificando" e interferindo na imagem da cidade como um todo. A revitalização no Brasil, inspirada nas experiências americanas das décadas de 1960 e 1970, desenvolveu- se com maior ênfase nos anos 1980, a partir da idéia de "refuncionalização" de 132 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 áreas degradadas, associada a um conjunto de ações relativas ao tratamento arquitetônico e urbanístico. Na esteira desse processo e a exemplo de outras grandes cidades brasileiras, a cidade do Recife tem sido palco de algumas experiências inovadoras, sob a égide da busca de padrões de melhor qualidade de vida e de inserção no cenário econômico contemporâneo. Os bairros de sua área central sobretudo os do Recife e de São José - são exemplos de diferentes concepções de 'revitalização" desde metade dos anos 1980 e com maior intensidade a partir de 1994, apresentando, objetivos e resultados distintos, mas guardando em comum, a perspectiva da seletividade sócio-espacial. Privilegia-se, assim, alguns setores em detrimento de outros, indesejáveis e/ou incompatíveis com a concepção hegemônica de desenvolvimento. Territorialidades religiosas, comerciais, sexuais, entre outras, são reeditadas - ou reprimidas neste fim de século sob múltiplos arranjos e formas. A partir de dois setores "revitalizados' pela Prefeitura da Cidade do Recife - a rua do Bom Jesus (Bairro do Recife) e Av. Dantas Barreto (bairros de Santo Antônio e de São José) - são analisadas neste trabalho permanências e mudanças sócio-espaciais verificadas na área central da cidade a partir de territorialidades de seus freqüentadores, visando verificar os efeitos de planos de revitalização nas relações cotidianas da população com os espaços centrais. Ao analisar tais práticas neste trabalho, pretende-se evocar a necessidade da apreensão da realidade urbana sob diversos ângulos de sua complexidade - incluindo a dimensão cotidiana - destacando a importância de agentes co-participantes nesses processos de requalificação sócio-espacial, enquanto fontes significativas no estudo das cidades contemporâneas. Nome: Luís Fernando Barbosa De Almeida Orientador: Jorge Xavier da Silva Título: A Metodologia da Disseminação da Informação Geográfica e os Metadados Resumo: O presente trabalho visa mostrar a aplicação de técnicas de geoprocessamento à localização industrial. Deve ser ressaltado que não foram encontradas referências bibliográficas relacionando o geoprocessamento à localização industrial, daí ter sido utilizado, como ponto de partida, um trabalho publicado pela COPPE, pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Nunes Cosenza, que trata do delineamento de uma metodologia para localização industrial.. Visando embasar os conhecimentos empregados, são apresentadas também as conceituações pertinentes à Teoria da Dec são, à Teoria da Localização e ao Geoprocessamento, neste último caso enfatizando à complexidade da análise 133 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 de dados espaciais. A seguir, a partir de um Sistema Geográfica de Informação particular, o SAGAIUFRJ, se procura mostrar que, ao se aliar o geoprocessamento à metodologia proposta no trabalho do Prof. Cosenza, obtém-se um sistema resultante que ganha contornos extras, podendo, inclusive, trabalhar com unidades de discretização territoriais diferentes, as quais serão integradas pelo geoprocessamento Nome: Maria Francisca de Jesus Lírio Ramalho Orientador: Antonio José Teixeira Guerra Título: Evolução dos Processos Erosivos em Solos Arenosos entre Municípios de Natal e Parnamirim Resumo: Essa tese refere-se à erosão de solos arenosos em um setor da bacia do rio Pirangi. Foi desenvolvida a partir de um conjunto de métodos e técnicas, envolvendo experimentos de campo e coleta de amostras das coberturas superficiais, incluindo encostas, barrancos, depósitos de fundo de ravinas e zona de espraiamento. As encostas foram selecionadas segundo as diferentes formas da cobertura vegetal, identificadas como encosta com vegetação degradada, encosta com mata em área de influência antrópica, encosta com capoeira, encosta com pastagem, encosta com fruteiras e encosta com mata em área de preservação. Foram coletadas um total de 115 amostras, para análise, sendo 82 coletadas nas encostas e 33 nas áreas de acumulação de sedimentos e barrancos. O procedimento metodológico utilizado foi a pesquisa direta de campo, através da observação e quantificação dos fatos, cujo objetivo foi constatar a natureza dos processos erosivos, que posteriormente foram comparados com as características dos elementos do clima regional e com as propriedades físicas e químicas dos solos, visando correlacionar os fatores e os processos que caracterizam o sistema ambiental. As diferentes formas da cobertura vegetal, a topografia do relevo, as formações superficiais e a modalidade de ocupação e uso do solo, foram importantes para a interpretação dos resultados, que pela sobreposição das informações contidas nos mapas temáticos, pode-se individualizar melhor as áreas mais susceptíveis à erosão. Os resultados encontrados possibilitaram sintetizar, por meio de fluxogramas, as principais causas que levam à erosão dos solos e ao aumento das taxas erosivas, e esquematizar o modelo teórico proposto para esse estudo, a partir das hipóteses que deram sustentação ao desenvolvimento da pesquisa. 134 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 Nome: Maria Goreti da Costa Tavares Orientador: Lia Osorio Machado Título: Dinâmica Espacial da Rede de distribuição de Energia Elétrica no Estado do Pará (1960-1996) Resumo: A pesquisa buscou analisar dois aspectos da rede de distribuição de energia elétrica. O primeiro refere-se às variações no acesso dos lugares à energia e às diferenciações entre aqueles interligados e os não interligados à rede elétrica. O segundo aspecto é a evolução da estrutura de consumo de energia. Foram focalizadas duas áreas: o sudeste paraense, que se configura como uma ocupação recente e interligada à rede da usina hidrelétrica (UHE) de Tucuruí; e o baixo Tocantins, área de ocupação antiga não interligada à rede, eletrificada por usinas dieselétricas (UDEs). A tese enfatizou a associação entre a rede de distribuição de energia elétrica, a rede urbana e as redes de infra-estrutura viária implantada a partir da década de 1960. É, todavia, a partir da conexão com a rede de energia que as cidades tenderam a se desenvolver, ganhando dinamismo próprio, modificando suas estruturas de consumo e alterando seus papéis e posição na rede urbana regional. Este foi o caso, por exemplo, de Marabá no sudeste paraense e poderá ser o de Cametá, no baixo Tocantins, cuja conexão à rede de energia de Tucuruí se deu em 1998. Nas cidades que tendem a assumir o papel de nó de rede, ocorreu uma combinação dos tipos de consumo residencial/comercial/industrial. Diferentemente da maioria daquelas nas quais a estrutura de consumo de energia elétrica no Pará está concentrada no tipo residencial. O desenvolvimento da rede de distribuição de energia deu-se de forma diferenciada, a partir da posição das cidades na rede urbana, como é o caso do sudeste paraense. Quanto ao baixo Tocantins e grande parte das áreas tributárias do rio Amazonas no Pará, esse desenvolvimento ocorreu de forma incipiente devido ao baixo nível de organização da rede viária. A partir do ano de 1998, está ocorrendo a incorporação do baixo Tocantins, do oeste paraense, e de algumas cidades do sudeste paraense à rede de energia elétrica, o que certamente acarretará mudanças nas estruturas de consumo. O estudo revelou que as diferenças existentes entre as duas áreas de pesquisa, não é maior, que a diferença interna existente no sudeste paraense, dado a marginalidade das áreas rurais ao acesso à rede de energia. O exame das estruturas de consumo reflete o peso da urbanização, pois, apenas as áreas urbanizadas constituem mercado de consumo que justifique suas incorporações à rede de Tucuruí, embora ainda em condições precárias. 135 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 Nome: Murilo Cardoso de Castro Orientador: Lia Osorio Machado Título: Sig-Sistema de Informação Geográfica ou Sig Sintetizados de Ilusões Geográficas Descontruindo Uma Formação Discursiva Resumo: Diante dos impasses de uma revelação do ser e do significado do SIG, proponho apenas resumir alguns pontos importantes de toda essa longa jornada. Algumas trilhas foram definitivamente abertas, algumas ate'. em parte, clareadas, sem, no entanto, estarem perfeitamente adequadas à teorização. Primeiro, espero que tenha ficado bem claro que existe uma confusão, talvez proposital, entre o pacote sig e o sistema SIG. Em termos filosóficos, existe uma diferença ontológica entre o ente e o ser, ou, nos termos poéticos de Fernando Pessoa, entre o estar do sig e o ser do SIG, do mesmo modo que "eu estou" e "eu sou" diferem. Quase todo mundo que fala do pacote sig, descreve sua funcionalidade, sua estrutura e/ou suas aplicações, alguns poucos falam sobre seu impacto ético e estético sobre a produção geográfica, mas ninguém, que seja de meu conhecimento, percebe o síg como aparência e o SIG como essência. Ou seja, ninguém se aprofunda no questionamento sobre o ser do SIG, que, em grande parte, se encontra em gérmen no fenômeno sig. Porque esta aversão às questões substânciais? Porque se satisfazer apenas com os discursos tecnologistas? Porque partir do ponto de vista tecnológico, ou do ponto de ,lista da área de aplicação da tecnologia, para desvendar algo que ganha sua existência, e assim se constitui, apenas pela interação homem-computador, em um meio que o garante e o sustenta? Porque não considerar a alquimia de ingredientes combinados sob a regência do sig, no caldeirão de um projeto de pesquisa, como indicador da constituição e instituição natural de um SIG, Porque não tomar esta constatação comum e ordinária como uma das possibilidades de se tentar "re-velar" a essência do SIG? Foi exatamente em resposta a essas questões que tentamos elaborar a idéia de que um SIG é primeiramente um tipo de Sistema de Informação, e que, portanto, é algo que dificilmente se confunde com a tecnologia da informação que o sustenta, ou seja o software e o hardware sobre o qual se constitui. A partir desta constatarão buscamos, através de imagens, uma compreensão de todos os ingredientes, além da tecnologia da informação, que se combinam em uma alquimia especial, tendo como catalizador principal o sig, para constituição e instituição de um Sistema de Informação Geográfico. 136 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 Nome: Roberto Lobato Corrêa De Azevedo Orientador: Mauricio De Almeida Abreu Título: Trajetórias Geográficas: Cinco Temas Resumo: O presente estudo reúne 15 textos agrupados em cinco temas que se constituíra em grande parte, na trajetória do autor pela geografia. Os temas são os seguintes -. as redes geográficas, o espaço urbano, a região, espaço e empresa e espaço, tempo e cultura.Trajetórias geográfica reúne não apenas temas distintos, mas também abordagens diferenciadas, indicando assim a pluralidade de caminhos que o geógrafo dispõe para tomar inteligível a ação humana sobre a superfície terrestre. Nome: Rogerio Ribeiro de Oliveira Orientador:: Ana Luiza Coelho Netto Título: O Rastro do Homem na Floresta: Sustentabilidade e Funcionalidade da Mata Atlântica sob Manejo Caiçara Resumo: Como objetivo geral, o presente trabalho pretende estudar os processos interativos homem-floresta e a relação entre o uso do espaço florestado por populações caiçaras e a resiliência da mata atlântica. expressa através de mecanismos que interferem na sua sustentabilidade. Foi estudado um gradiente sucessional com idades de 5, 25 e 50 anos de matas de encosta utilizadas anteriormente para cultivos de subsistência de populações caiçaras na Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, Ilha Grande. RJ. Como forma de comparação. foi utilizado um trato de floresta com características climáticas. situado no Parque Estadual da Ilha Grande. Foram analisadas as interfaces de processos bióticos e abióticos sob os pontos de vista florístico, estrutural e funcional nestes estádios sucessionais. Pretendeu-se avaliar, em cada uma destas áreas. a eficácia de alguns mecanismos de conservação e captura de nutrientes, por meio do estudo da água de chuva interceptada pelas copas em cada estádio, bem como a dinâmica da produção e de estoque da serapilheira. A hipótese que se pretende testar é que o manejo caiçara promove a conservação dos mecanismos de autosustentabilidade da mata atlântica. Nas áreas estudadas foram encontradas um total de 26 espécies na de 5 anos, 70 na de 25 anos. 63 na de 50 anos e 134 na climácica. A área basal foi de 5,6; 26,3; 32,4 e 57,9 m'/ha, respectivamente nas mesmas. A distribuição percentual das espéci- 137 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 22 / 1999 es pelos grupos ecológicos permitiu a separação em 3 situações: a) com dominância de pioneiras (a área de 5 anos); b) com dominância das secundárias iniciais e tardias (as áreas de 25 e 50 anos) e c) com dominância das espécies climácicas (a área climácica). Os valores dos índices de Shanon foram de 2,51; 3,33. 3,10 e 4,28 nats/ind.. para as mesmas, na seqüência cronológica. A participação das 10 espécies com maior Valor de Importância na densidade, freqüência e dominância tende a reduzir, no sentido 5 anos-clímax. Em função da lenta evolução dos padrões estudados nas áreas de 25 e 50 anos, estas foram classificadas como de clímax antrópico. A precipitação pluviométrica total nas áreas de 5 anos. 25 anos e climáxica no período de um ano (de 1/7/97 a 30/6/98) foi de 1245; 1478 e 4531 mm, respectivamente, sendo os valores de intercepção de chuva pela copa das árvores de 27,7%, '-8,9% e 58,6%. Na área de 5 anos, 19.8% da área é formada por claros no dossel. na de 25 anos, 17,7% e na climácica. apenas I I,O%. Quanto ao fluxo de nutrientes. os maiores conteúdos ocorreram na área climácica (Na: 151.3; Ca: 15,5; P: 6,6 e N: 6.6 kg/ha/ ano). No entanto, a razão entre o conteúdo de nutrientes na precipitação interna e precipitação total (média anual) foi menor do que zero para todos os nutrientes nas 3 áreas (exceto para Na e Ca na área de 5 anos e N na de 25 anos), o que o que representa uma importante estratégia de captura de nutrientes atmosféricos. A produção de serapilheira (mensurada durante 2 anos) não apresentou diferenças significativas entre as três áreas, cuja média foi de 9927-. 8707 e 10031 kg/ha/ ano, sendo a fração folhas a preponderante, com 79%; 73% e 67%. Os maiores aportes de nutrientes pela serapilheira foram de N e K (respectivamente 156 e 38 kg/ha/ano) na área climácica; de P e Mg (respectivamente 342 e 58 kg/ha/ano) na área de 5 anos e de Na (I 7,6 kg/ha/ano) na área de 25 anos. A serapilheira acumulada sobre o solo também não apresentou diferenças significativas entre as três áreas, ficando na faixa de 3040 a 3730 kg/ha/ano. Os nutrientes estocados em cada área variaram entre 41,3 a 14.9 kg/ha para N; O,6 a O,3 para P; 2,1 a 1,5 para Mg; I,3 a I, I para Na; 3 I,1 a 20,7 para Ca e 4,5 a 3,5 para Mg. Os tempos de renovação da serapilheira (I/K) foram de O,33: O,42 e O.37, respectivamente nas áreas de 5 anos. 25 anos e climáxica. Na três áreas verificou-se a presença e atuação dos seguintes mecanismos de captura e conservação de nutrientes: a) rápida decomposição e liberação de nutrientes da serapilheira-. b) retranslocação de fósforo antes da abcisão das folhas; c) grande biomassa de raízes associadas à serapilheira e ao topo do solo e d) eficiência na retirada de nutrientes da chuva pela copa das árvores. Por meio da análise dos principais ciclos econômicos (economia coletora préhistórica. cultura indígena e caiçara e agroindústria dos séc. XVIII e XIX) são feitas considerações sobre a resultante geoecológica destas atividades sobre o ambiente. O desenvolvimento dos sistemas florestal e antrópico na Ilha Grande sugere a existência de um processo de coevolução sistêmica, em função de que suas gêneses e atuais manifestações encontram-se imbricadas no passado.
ISSN:0101-9759