O sertão está em toda parte: o sertão-mundo rosiano na adaptação fílmica de Abril Despedaçado
No romance Abril despedaçado (Prilli i Thyer), Ismail Kadaré narra os últimos dias de vida de Gjorg Berisha, jurado de morte pelo Kanun, código de honra da região, em lúgubres descrições do gélido deserto albanês que se misturam às reflexões e sentimentos da personagem. A adaptação fílmica de mesmo...
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Published: |
Universidade de São Paulo
2023-06-01
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Online Access: | https://www.revistas.usp.br/tradterm/article/view/203903 |
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author | Kamila Moreira de Oliveira Lima |
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No romance Abril despedaçado (Prilli i Thyer), Ismail Kadaré narra os últimos dias de vida de Gjorg Berisha, jurado de morte pelo Kanun, código de honra da região, em lúgubres descrições do gélido deserto albanês que se misturam às reflexões e sentimentos da personagem. A adaptação fílmica de mesmo título, dirigida por Walter Salles e com roteiro adaptado por Karim Aïnouz, por sua vez, transpõe a história para o sertão nordestino brasileiro, acompanhando o jovem Tonho em seu rumo à morte certa, desta vez cego pelo sol, e não pela neve. Em ambas as obras, está presente o denominado sertão-mundo, conceito derivado da obra de Guimarães Rosa, em especial Grande sertão: veredas (1956). Esta característica, destacada desde a publicação do romance nas discussões sobre o (trans)regionalismo da obra e o uso do espaço e tempo pelo autor (LORENZ, 1991; LEONEL; SEGATTO, 2009; HOISEL, 2014), é discutida aqui, portanto, em sua relação com a transposição da obra albanesa para o sertão nordestino. Neste artigo, portanto, buscamos estabelecer relações não tanto entre o romance de Kadaré e sua adaptação, mas entre ambos com a reflexão recorrente na obra rosiana de que o sertão está dentro de nós.
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