Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena Modernidade
Analisamos as relações de personagens específicos, bem como do próprio narrador malicioso criado por Machado de Assis, com um personagem surgido no século XVII inglês: o libertino. Do Don Juan transposto para o teatro inglês naquele século ao romance de libertinagem francês do XVIII, ele se caracter...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | Spanish |
Published: |
Universidade de São Paulo
2020-12-01
|
Series: | Caracol |
Subjects: | |
Online Access: | https://www.revistas.usp.br/caracol/article/view/162745 |
_version_ | 1818864699532378112 |
---|---|
author | André Luiz Barros |
author_facet | André Luiz Barros |
author_sort | André Luiz Barros |
collection | DOAJ |
description | Analisamos as relações de personagens específicos, bem como do próprio narrador malicioso criado por Machado de Assis, com um personagem surgido no século XVII inglês: o libertino. Do Don Juan transposto para o teatro inglês naquele século ao romance de libertinagem francês do XVIII, ele se caracteriza pelo ímpeto erótico-amoroso e pelo cinismo elitista, cruel e amoral. Em quatro contos-chave de Machado – “Missa do Galo”, “Singular ocorrência”, “D. Paula” e “Almas agradecidas” –, notamos a incidência maior de libertinas mulheres. Traços dos personagens se acham no narrador típico do autor, nos romances da fase madura. A partir do debate crítico sobre tal narrador, propomos que, em sua constituição, a influência dos moralistas franceses do século XVII, incluindo seus precursores (por ex., Castiglione e Gracián), é maior que a de Voltaire. Isso indicaria proximidade desse narrador com o pessimismo amoral e a aversão a transcendências do libertino. Por fim, comparamos tal narrador com o do argentino Jorge Luis Borges. Como o autor brasileiro, Borges criou um narrador elitista e cínico, a dispor com ironia da tradição literária pré-moderna. Se os elementos do conto de horror fantasista em Borges afastam os dois autores, ambos refletem a indiferença cruel do tom elitista em um continente marcado por violenta desigualdade social. |
first_indexed | 2024-12-19T10:35:48Z |
format | Article |
id | doaj.art-08d315d61b8a42969818afcf331c092e |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 2178-1702 2317-9651 |
language | Spanish |
last_indexed | 2024-12-19T10:35:48Z |
publishDate | 2020-12-01 |
publisher | Universidade de São Paulo |
record_format | Article |
series | Caracol |
spelling | doaj.art-08d315d61b8a42969818afcf331c092e2022-12-21T20:25:36ZspaUniversidade de São PauloCaracol2178-17022317-96512020-12-0120Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena ModernidadeAndré Luiz Barros0Universidade Federal de São PauloAnalisamos as relações de personagens específicos, bem como do próprio narrador malicioso criado por Machado de Assis, com um personagem surgido no século XVII inglês: o libertino. Do Don Juan transposto para o teatro inglês naquele século ao romance de libertinagem francês do XVIII, ele se caracteriza pelo ímpeto erótico-amoroso e pelo cinismo elitista, cruel e amoral. Em quatro contos-chave de Machado – “Missa do Galo”, “Singular ocorrência”, “D. Paula” e “Almas agradecidas” –, notamos a incidência maior de libertinas mulheres. Traços dos personagens se acham no narrador típico do autor, nos romances da fase madura. A partir do debate crítico sobre tal narrador, propomos que, em sua constituição, a influência dos moralistas franceses do século XVII, incluindo seus precursores (por ex., Castiglione e Gracián), é maior que a de Voltaire. Isso indicaria proximidade desse narrador com o pessimismo amoral e a aversão a transcendências do libertino. Por fim, comparamos tal narrador com o do argentino Jorge Luis Borges. Como o autor brasileiro, Borges criou um narrador elitista e cínico, a dispor com ironia da tradição literária pré-moderna. Se os elementos do conto de horror fantasista em Borges afastam os dois autores, ambos refletem a indiferença cruel do tom elitista em um continente marcado por violenta desigualdade social.https://www.revistas.usp.br/caracol/article/view/162745Machado de AssisJorge Luis Borgescontos e romances de libertinagemliteraturas brasileira e latinoamericanateoria da literatura |
spellingShingle | André Luiz Barros Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena Modernidade Caracol Machado de Assis Jorge Luis Borges contos e romances de libertinagem literaturas brasileira e latinoamericana teoria da literatura |
title | Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena Modernidade |
title_full | Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena Modernidade |
title_fullStr | Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena Modernidade |
title_full_unstemmed | Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena Modernidade |
title_short | Machado de Assis e Borges: Dois Classicistas em Plena Modernidade |
title_sort | machado de assis e borges dois classicistas em plena modernidade |
topic | Machado de Assis Jorge Luis Borges contos e romances de libertinagem literaturas brasileira e latinoamericana teoria da literatura |
url | https://www.revistas.usp.br/caracol/article/view/162745 |
work_keys_str_mv | AT andreluizbarros machadodeassiseborgesdoisclassicistasemplenamodernidade |