Summary: | O objetivo deste ensaio é descrever as principais mudanças que a globalização e o engendramento do trabalho e da migração tem produzido na política de trabalho reprodutivo, e abordar algumas importantes questões suscitadas por estas mudanças, a partir de um ponto de vista político e ético. Eu pretendo argumentar que é a privatização do cuidado e a exploração do trabalho reprodutivo, não a sua remuneração, que constitui um problema hoje. A partir da perspectiva de justiça local e global, a privatização do cuidado representa uma ameaça, devido às conseqüências que ela implica em termos de poder de compra diferentes, não apenas entre países ricos e pobres, mas até mesmo dentro dos próprios países ricos, entre classes altas e baixas. Além disso, a partir de uma perspectiva de gênero, a mercantilização do trabalho reprodutivo assume formas que são úteis ao reforço das estruturas de pode patriarcal e cria um conflito aparente de interesses entre mulheres, ao longo das linhas de classe, cor e raça. Ao mesmo tempo, a nova divisão do trabalho reprodutivo ameaça minar tudo que foi alcançado desde a década de 1970, em termos de paridade de gênero, divisão igualitária do trabalho de cuidado entre homem e mulher e a política de reconciliação entre trabalho e cuidado.
|