Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé

Este artigo apresenta uma análise pormenorizada de uma carta enviada da Bahia ao porto negreiro de Ajudá em 1839 pela africana Roza Maria da Conceição à também africana Francisca da Silva, a legendária Iyá Nassô, fundadora do candomblé da Casa Branca em Salvador. A trajetória dessas duas libertas e...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Luis Nicolau Parés
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo 2019-03-01
Series:Revista de História
Subjects:
Online Access:https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507
_version_ 1797968604483813376
author Luis Nicolau Parés
author_facet Luis Nicolau Parés
author_sort Luis Nicolau Parés
collection DOAJ
description Este artigo apresenta uma análise pormenorizada de uma carta enviada da Bahia ao porto negreiro de Ajudá em 1839 pela africana Roza Maria da Conceição à também africana Francisca da Silva, a legendária Iyá Nassô, fundadora do candomblé da Casa Branca em Salvador. A trajetória dessas duas libertas e de seus maridos, no contexto da passagem da Colônia para o Império, permite identificar processos de cooperação intergeracional entre os libertos africanos e de ascensão econômica associada ao comércio atlântico e ao tráfico ilegal. Postula-se que a propriedade escrava era uma forma de investimento político na organização da “casa” ou da coletividade doméstica, por sua vez a base do “terreiro”, formas de associativismo através das quais esses casais adquiriam poder e reforçavam sua liderança na comunidade negra. Em última instância, a conexão entre Roza e Francisca permite vislumbrar como o sucesso comercial, o controle social e a autoridade religiosa se emaranhavam de forma indissociável.
first_indexed 2024-04-11T02:49:22Z
format Article
id doaj.art-0c4ac4ee89254cbe802a3b9a856e9998
institution Directory Open Access Journal
issn 0034-8309
2316-9141
language English
last_indexed 2024-04-11T02:49:22Z
publishDate 2019-03-01
publisher Universidade de São Paulo
record_format Article
series Revista de História
spelling doaj.art-0c4ac4ee89254cbe802a3b9a856e99982023-01-02T16:44:52ZengUniversidade de São PauloRevista de História0034-83092316-91412019-03-01178Libertos africanos, comércio atlântico e candombléLuis Nicolau Parés0Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Departamento de AntropologiaEste artigo apresenta uma análise pormenorizada de uma carta enviada da Bahia ao porto negreiro de Ajudá em 1839 pela africana Roza Maria da Conceição à também africana Francisca da Silva, a legendária Iyá Nassô, fundadora do candomblé da Casa Branca em Salvador. A trajetória dessas duas libertas e de seus maridos, no contexto da passagem da Colônia para o Império, permite identificar processos de cooperação intergeracional entre os libertos africanos e de ascensão econômica associada ao comércio atlântico e ao tráfico ilegal. Postula-se que a propriedade escrava era uma forma de investimento político na organização da “casa” ou da coletividade doméstica, por sua vez a base do “terreiro”, formas de associativismo através das quais esses casais adquiriam poder e reforçavam sua liderança na comunidade negra. Em última instância, a conexão entre Roza e Francisca permite vislumbrar como o sucesso comercial, o controle social e a autoridade religiosa se emaranhavam de forma indissociável.https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507Libertos africanoscomércio atlânticocandombléescravidãoBahia
spellingShingle Luis Nicolau Parés
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé
Revista de História
Libertos africanos
comércio atlântico
candomblé
escravidão
Bahia
title Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé
title_full Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé
title_fullStr Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé
title_full_unstemmed Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé
title_short Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé
title_sort libertos africanos comercio atlantico e candomble
topic Libertos africanos
comércio atlântico
candomblé
escravidão
Bahia
url https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507
work_keys_str_mv AT luisnicolaupares libertosafricanoscomercioatlanticoecandomble