Summary: | Este artigo analisa aproximações e vicissitudes entre a revista paraense Belém Nova e a Revista de Antropofagia, paulista, a partir dos manifestos literários veiculados por elas na década de 1920. Mesmo próximas quando consideramos o caráter combativo e modernista de suas publicações e a presença de autores publicando em ambas, diferenças em relação à percepção da regionalidade e brasilidade veiculadas por elas são pontos chave para melhor compreender as revistas culturais do período e o próprio movimento modernista. As relações foram pensadas a partir da ligação dos modernistas de São Paulo com os da Amazônia, especialmente Oswald de Andrade, Raul Bopp, Abguar Bastos e Oswaldo Costa. Compreendendo os manifestos enquanto instrumentos de disputas utilizados pelos autores e pelas revistas, parte-se do debate acerca dos modernismos brasileiros, passando pelas disputas regionais sobre a preponderância artística e estética, até chegar na relativização destas barreiras regionalistas/bairristas. Além disso, constatando a presença de autores da Amazônia ligados à revista Belém Nova e ao modernismo do norte nos quadros da Revista de Antropofagia, partimos da hipótese de que os contornos do movimento antropofágico foram sendo definidos com a presença de ideias e ideários existentes entre os artistas nortistas. A Revista de Antropofagia seria porta-voz de um movimento cujas raízes extrapolam a regionalidade paulista, fazendo a junção da modernidade e da tradição brasileiras na tentativa de reconfiguração do modernismo nacional.
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