Summary: | As literaturas produzidas por escritores indígenas têm disseminado as vozes de diferentes povos originários. Essas escritas abordam filosofias milenares e questionam o apagamento imposto pelo poder hegemônico. Nesse sentido, é fundamental utilizar a tecnologia da escrita alfabética com o objetivo de salvaguardar a memória oral e difundir esses conhecimentos para um público mais amplo. Dentre os autores que têm seguido esse caminho, cabe citar a produção de Kanátyo Pataxó (1997), intitulada Txopai e Itôhã, a qual narra como os indígenas de seu povo surgiram no planeta. Levando em consideração a importância deste livro, busca-se analisar essa história contemplando os elementos verbais e as ilustrações para evidenciar a perspectiva de mundo Pataxó intrinsecamente ligada à água. Para tanto, será necessário dialogar com a produção teórica indígena que discute importantes categorias críticas para tratar dessas narrativas, tais como escritas-resistência (Adriana Pesca, 2020), memória cultural (Kaká Jecupé, 2020) e histórias de antigamente (Edson Kaxinawá et. al, 1996). Dessa forma, a investigação destaca a importância de os indígenas estarem criando terminologias próprias para se referirem ao seu legado ancestral e contribui para expandir os estudos acerca das escritas Pataxó, as quais revelam que esse povo é filho das águas.
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