Entre a reinvenção do passado e o possível futuro: o feminino em trânsito em Hibisco roxo, de Chimamanda Adichie, e em A hora da Estrela, de Clarice Lispector

Neste texto, de veia ensaística, fecundam-se alguns corpos femininos e seus enredos: a autora que lhes escreve se entrelaça, num campo interpretativo acerca das subjetividades fronteiriças, a duas protagonistas da lavra romanesca da brasileira Clarice Lispector e da nigeriana Chimamanda Adichie. O...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Luana Silva Borges
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul 2021-01-01
Series:Revista de Estudos Literários da UEMS - REVELL
Subjects:
Online Access:https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/5091
Description
Summary:Neste texto, de veia ensaística, fecundam-se alguns corpos femininos e seus enredos: a autora que lhes escreve se entrelaça, num campo interpretativo acerca das subjetividades fronteiriças, a duas protagonistas da lavra romanesca da brasileira Clarice Lispector e da nigeriana Chimamanda Adichie. O objetivo é compreender, a partir da teoria do Romance e dos Estudos Feministas, a constituição das seguintes personagens: Kambili, protagonista da obra Hibisco roxo, de Adichie; e Macabéa, heroína de A hora da estrela, de Lispector. Observou-se, a partir da análise destas actantes, que a “escrita de si” – teorizada por Margareth Rago – faz-se presente na constituição dos romances em questão. Pela análise comparativa entre Kambili e Macabéa, concluiu-se que ambas vivem em um presente marcado por “coisas de não”; marcado pela luta por se fazer existir em uma sociedade que lhes interdita a vida. Sendo assim, deslocadas subjetivamente em um “hoje” que não lhes é favorável, elas têm de procurar ressignificá-lo: no caso de Kambili, a (re)existência se faz a partir de uma atualização e de uma vivificação de sua ancestralidade; já Macabéa, desprovida deste passado ancestral, busca-se na invenção esperançosa de um futuro. O ensaio dedica-se, pois, à compreensão destes deslocamentos entre passado e futuro que, no plano ficcional, são garantidores subversivos às personagens.
ISSN:2179-4456