Formas bastardas: reportagem e vida anônima

A reportagem tem sido considerada, desde sua ascensão na modernidade, uma “forma bastarda”, por sua condição híbrida entre ficção e narração do fato. Este artigo sustenta, a partir da investigação da própria noção de bastardia, que há uma articulação entre o “gênero impuro” de algumas reportagens e...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marcio Serelle
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2014-08-01
Series:Rumores
Subjects:
Online Access:http://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/83562
Description
Summary:A reportagem tem sido considerada, desde sua ascensão na modernidade, uma “forma bastarda”, por sua condição híbrida entre ficção e narração do fato. Este artigo sustenta, a partir da investigação da própria noção de bastardia, que há uma articulação entre o “gênero impuro” de algumas reportagens e sua orientação para iluminar a vida anônima social, em sua precariedade. Como textos de intervenção,  essas narrativas instauram sua própria ordem do sensível – que se difere da do literário – ao jogarem luz sobre espaços e pessoas invisíveis socialmente. Chega-se, assim, neste ensaio, à noção deslocadora de “campo” em Giorgio Agamben (2010), como zonas de exceção em nossa sociedade, habitadas pela vida aquém da cidadania, e que a reportagem contemporânea persevera em denunciar.
ISSN:1982-677X