Summary: | Este artigo, sob forma de ensaio, problematiza a participação da criança na cidade, colocando em suspeição se a sua exclusão nos espaços sociais mais amplos ocorre porque a cidade – a pólis, tal como os gregos a denominavam – foi perdendo as referências legadas pelo passado como a organização mais elevada do convívio humano. Considera que o reconhecimento da criança como partícipe na cidade não significa desvinculá-la de uma experiência social compartilhada com outras categorias geracionais e nem torná-la refém de uma autonomia, cuja infância autocentrada (CUSTÓDIO, 2016) pode muito bem expor certos particularismos que a desvincula de uma rede de relações humanas mais amplas e complexas, destituindo os adultos de suas responsabilidades públicas com aqueles que chegam ao mundo. Dialogando, fundamentalmente, com o pensamento de Hannah Arendt (2011, 2010, 2007, 1987) sobre o que ela depreende da experiência grega da pólis, procura transpor prerrogativas usualmente dominantes sobre a participação das crianças na cidade, chamando a atenção para o papel da educação na compreensão da cidade como uma experiência cujo legado das tradições culturais e heranças simbólicas seja uma referência importante e permanente na formação das novas gerações.
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