Summary: | A violência sexual é devastadora para a infância e para a adolescência. A desigualdade social contribui para a ocorrência de violência interpessoal, embora ocorra em todos os níveis sociais. O atendimento inicial multiprofissional competente, bem como a adesão ao tratamento e às condutas quanto à mudança nos fatores de risco, uso correto das medicações, realização do Boletim de Ocorrência, acompanhamento médico, psicológico, e avaliação da assistente social são primordiais. Os maiores abusadores geralmente são pessoas do relacionamento próximo da vítima. A violência pode ocorrer com a penetração, sexo oral, manipulação de genitais, exibicionismo, entre outros. Pode ser recorrente; alterar a formação da personalidade e a sexualidade de quem sofre o abuso. Doenças, gravidez, inibição, agressividade e suicídio podem ser consequências. O objetivo foi obter perfis de vítimas e agressores das crianças e adolescentes, vítimas de violência sexual, atendidas no PS de Pediatria do HC da FMB - UNESP no período compreendido entre 2005 e 2008. Como resultado, 78,7% são do sexo feminino, com idade média de 9 anos; 33,44% residiam com mãe e pai; o tempo percorrido até a denúncia foi acima de 1 ano em 18,5%; a criança denunciou em 44,9%; em 55,6% tratou-se de reincidência; em 27% ocorreu mais de um tipo de violência; 85,6% agressores eram conhecidos da criança ou da família; 28,7% eram parentes, sendo os pais os principais, com uma taxa de 12,5%, os primos, 5,55%; e, dos 71,3% não parentes, 14,83% eram padrastos, 14,83% vizinhos; 73,9% ocorreram na casa da criança ou do agressor; em 66% houve intimidação com o uso de força e de ameaças, 2,8% com arma; em 36,6% houve penetração e em 46,3% manipulação; houve relação sexual só anal em 13,9%, só vaginal 44,9%, só oral em 3,74%; 43% apresentaram algum sintoma psíquico; 24,3% receberam medicamentos contra DST. Das 50 famílias nas situações de maior gravidade entre os 216 pacientes (23,15%), apenas um (2%) compareceu ao chamado de retorno após a alta, e nos demais, a tentativa de contato por telefone, ou via endereço, fornecidos, mostrou que havia mudanças de rua, bairro, ou cidade, e telefones que simplesmente não existiam, não nos permitindo construir esta resposta. Esse dado nos levou a pensar, se isso fora apenas uma coincidência ou uma forma de se esconder. Vítimas e agressores, na maioria das vezes, convivem em ambientes onde a proximidade torna possível a realização da violência, e os fatores relacionados variam pouco, nas diferentes populações em que se estudou este tipo de crime. O ato gera marcas permanentes, sejam elas biológicas ou psicológicas. O presente estudo será ampliado para os anos de 2009 e 2010, além de acompanhar os casos junto ao Conselho Tutelar e a Vara Judicial, para saber qual a resolução dos casos estudados e suas punições, para se ter uma visão mais ampla e projetar medidas conjuntas que tenham maior eficiência.
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