Canábis e canabinóides para fins medicinais

Os derivados de canábis, tal como outros produtos naturais, têm sido utilizados para fins medicinais há milénios. Embora o advento da biologia molecular e da química computacional tenha reduzido o uso de produtos naturais como fonte de agentes terapêuticos, a natureza continua a influenciar o apare...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Georgina Correia-da-Silva, Bruno M. Fonseca, Ana Soares, Natércia Teixeira
Format: Article
Language:English
Published: Formifarma, LDA. 2019-07-01
Series:Revista Portuguesa de Farmacoterapia
Subjects:
Online Access:http://revista.farmacoterapia.pt/index.php/rpf/article/view/211
Description
Summary:Os derivados de canábis, tal como outros produtos naturais, têm sido utilizados para fins medicinais há milénios. Embora o advento da biologia molecular e da química computacional tenha reduzido o uso de produtos naturais como fonte de agentes terapêuticos, a natureza continua a influenciar o aparecimento de novos candidatos a fármacos. A canábis e os seus produtos (haxixe, marijuana) contêm mais de 500 compostos, dos quais mais de 100 canabinóides, criando uma grande família de moléculas capazes de ativar os recetores canabinóides (CB1 e CB2) que, juntamente com os seus ligandos endógenos, denominados endocanabinóides e respetivas enzimas metabólicas formam o sistema endocanabinóide. Este sistema está amplamente distribuído no organismo e é responsável pela regulação de várias funções fisiológicas, constituindo assim, um potencial alvo terapêutico para várias patologias. No entanto, muitas das suas eventuais utilidades carecem de mais estudos para demonstrar, inequivocamente, a sua importância clínica. De momento, existem medicamentos com canabinóides como princípio ativo que visam condições muito especificas, nomeadamente na profilaxia da náusea a vómito severos induzidos pela quimioterapia, estimulação do apetite em doentes com SIDA, controlo da espasticidade na esclerose múltipla, dor e epilepsia. Por outro lado, a lei n.º 33/2018 de 18 de julho estabelece o quadro legal para a utilização de preparações e substâncias à base da planta da canábis, para fins medicinais. A prescrição da canábis medicinal deve estar reservada apenas quando os tratamentos convencionais com medicamentos autorizados não estão a produzir os efeitos esperados ou provocam efeitos adversos relevantes. Neste contexto, é importante elucidar os profissionais de saúde relativamente às principais evidências no que concerne à utilidade dos canabinóides para fins terapêuticos e sobre os potenciais riscos.
ISSN:1647-354X
2183-7341