Canábis e canabinóides para fins medicinais
Os derivados de canábis, tal como outros produtos naturais, têm sido utilizados para fins medicinais há milénios. Embora o advento da biologia molecular e da química computacional tenha reduzido o uso de produtos naturais como fonte de agentes terapêuticos, a natureza continua a influenciar o apare...
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Formifarma, LDA.
2019-07-01
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Series: | Revista Portuguesa de Farmacoterapia |
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author | Georgina Correia-da-Silva Bruno M. Fonseca Ana Soares Natércia Teixeira |
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Os derivados de canábis, tal como outros produtos naturais, têm sido utilizados para fins medicinais há milénios. Embora o advento da biologia molecular e da química computacional tenha reduzido o uso de produtos naturais como fonte de agentes terapêuticos, a natureza continua a influenciar o aparecimento de novos candidatos a fármacos. A canábis e os seus produtos (haxixe, marijuana) contêm mais de 500 compostos, dos quais mais de 100 canabinóides, criando uma grande família de moléculas capazes de ativar os recetores canabinóides (CB1 e CB2) que, juntamente com os seus ligandos endógenos, denominados endocanabinóides e respetivas enzimas metabólicas formam o sistema endocanabinóide. Este sistema está amplamente distribuído no organismo e é responsável pela regulação de várias funções fisiológicas, constituindo assim, um potencial alvo terapêutico para várias patologias. No entanto, muitas das suas eventuais utilidades carecem de mais estudos para demonstrar, inequivocamente, a sua importância clínica. De momento, existem medicamentos com canabinóides como princípio ativo que visam condições muito especificas, nomeadamente na profilaxia da náusea a vómito severos induzidos pela quimioterapia, estimulação do apetite em doentes com SIDA, controlo da espasticidade na esclerose múltipla, dor e epilepsia. Por outro lado, a lei n.º 33/2018 de 18 de julho estabelece o quadro legal para a utilização de preparações e substâncias à base da planta da canábis, para fins medicinais. A prescrição da canábis medicinal deve estar reservada apenas quando os tratamentos convencionais com medicamentos autorizados não estão a produzir os efeitos esperados ou provocam efeitos adversos relevantes. Neste contexto, é importante elucidar os profissionais de saúde relativamente às principais evidências no que concerne à utilidade dos canabinóides para fins terapêuticos e sobre os potenciais riscos.
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spelling | doaj.art-13a2a84f47304aa9b43ef0b13dd7b3142023-08-29T22:50:07ZengFormifarma, LDA.Revista Portuguesa de Farmacoterapia1647-354X2183-73412019-07-0111110.25756/rpf.v11i1.210Canábis e canabinóides para fins medicinaisGeorgina Correia-da-Silva0Bruno M. Fonseca1Ana Soares2Natércia Teixeira3Faculdade de Farmácia, Universidade do PortoUCIBIO, REQUIMTE, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Bioquímica, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Porto, PortugalServiços Farmacêuticos, Unidade de Amarante, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), Amarante, PortugalUCIBIO, REQUIMTE, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Bioquímica, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Porto, Portugal Os derivados de canábis, tal como outros produtos naturais, têm sido utilizados para fins medicinais há milénios. Embora o advento da biologia molecular e da química computacional tenha reduzido o uso de produtos naturais como fonte de agentes terapêuticos, a natureza continua a influenciar o aparecimento de novos candidatos a fármacos. A canábis e os seus produtos (haxixe, marijuana) contêm mais de 500 compostos, dos quais mais de 100 canabinóides, criando uma grande família de moléculas capazes de ativar os recetores canabinóides (CB1 e CB2) que, juntamente com os seus ligandos endógenos, denominados endocanabinóides e respetivas enzimas metabólicas formam o sistema endocanabinóide. Este sistema está amplamente distribuído no organismo e é responsável pela regulação de várias funções fisiológicas, constituindo assim, um potencial alvo terapêutico para várias patologias. No entanto, muitas das suas eventuais utilidades carecem de mais estudos para demonstrar, inequivocamente, a sua importância clínica. De momento, existem medicamentos com canabinóides como princípio ativo que visam condições muito especificas, nomeadamente na profilaxia da náusea a vómito severos induzidos pela quimioterapia, estimulação do apetite em doentes com SIDA, controlo da espasticidade na esclerose múltipla, dor e epilepsia. Por outro lado, a lei n.º 33/2018 de 18 de julho estabelece o quadro legal para a utilização de preparações e substâncias à base da planta da canábis, para fins medicinais. A prescrição da canábis medicinal deve estar reservada apenas quando os tratamentos convencionais com medicamentos autorizados não estão a produzir os efeitos esperados ou provocam efeitos adversos relevantes. Neste contexto, é importante elucidar os profissionais de saúde relativamente às principais evidências no que concerne à utilidade dos canabinóides para fins terapêuticos e sobre os potenciais riscos. http://revista.farmacoterapia.pt/index.php/rpf/article/view/211Apetite/efeito dos medicamentos; Canabidiol; Canabinoides/efeitos adversos; Canabinoides/uso terapêutico; Canábis; Dor/tratamento; Epilepsia/tratamento; Esclerose Múltipla/tratamento; Glaucoma/tratamento; Marijuana Medicinal/uso terapêutico; Náusea/tratamento; Síndrome de Tourette/tratamento; Vómito. |
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