Violência urbana e privatização do policiamento no Brasil: uma mistura invisível

Este artigo argumenta que grande parte da violência policial no mundo, em especial no Brasil, tem se tornado invisível, a despeito do caráter público dos homicídios policiais. As ideologias sobre raça e criminalidade ocultam mortes de pobres e negros sob a justificativa de que elas são uma resposta...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Martha Knisely Huggins
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal da Bahia - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - Centro de Recursos Humanos
Series:Caderno CRH
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-49792010000300007&lng=en&tlng=en
Description
Summary:Este artigo argumenta que grande parte da violência policial no mundo, em especial no Brasil, tem se tornado invisível, a despeito do caráter público dos homicídios policiais. As ideologias sobre raça e criminalidade ocultam mortes de pobres e negros sob a justificativa de que elas são uma resposta ao aumento do crime entre certos grupos da população. As organizações policiais, mediante operações militares nas favelas, caracterizam essa violência como uma "guerra contra o crime", em que os delinquentes são mais numerosos e armados que os "bons" policiais e cidadãos. A mistura entre policiamento público e privado torna difícil determinar qual das entidades de controle social provocou essas mortes, particularmente por conta da participação de policiais em serviço e fora de serviço nas empresas de segurança privada. Nesse processo, a segurança tem se convertido em uma mercadoria que separa os pobres dos ricos e os criminosos dos não-criminosos. Apesar de os pobres precisarem mais dos serviços da polícia do que os ricos, eles são percebidos como classes perigosas a serem controladas. Por sua vez, os ricos que podem comprar segurança privada utilizam-na para se proteger daqueles que são vitimizados pela segurança pública.
ISSN:1983-8239