Summary: | O artigo apresenta a importância da obra Grande Sertão: Veredas (1956) de Guimarães Rosa em dois sentidos presentes em sua fortuna crítica: primeiramente resgata a leitura canônica do romance que evidencia sua relevância linguística, bem como os componentes existenciais e metafísicos. Nesse sentido, o sertão tomado como totalidade permite ao leitor refletir também sobre a totalidade do mundo. Em segundo lugar, elenca as principais releituras feitas na virada da década de 1990 para os anos 2000, as quais privilegiam os elementos sócio-históricos elaborados pelo autor no romance que, por sua vez, contribuem para a compreensão dos desafios da sociedade brasileira da primeira metade do século XX. Esses dois movimentos formam o núcleo do artigo, antecedido por uma introdução que sugere o entendimento de que o romance de Guimarães Rosa pode ser tomado como continuidade, ainda que com particularidades, da tradição da literatura empenhada analisada por Antonio Candido. O objetivo do artigo consiste em mostrar que o sertão de Rosa, no qual o “jaguncismo” é superado e, ao mesmo tempo, mantido, pode ser visto como expressão do Brasil, cuja formação nacional se dá sem que se superem os aspectos que vem do passado.
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