Qualia e Umwelt
No seu famoso artigo “What is it like to be a bat?” (1974), Thomas Nagel sustenta que existe um ‘ponto de vista’ característico e inescrutável, não acessível objetivamente na experiência, que determina o sentido da própria experiência como evento mental. Entre recentes teorias filosóficas da mente,...
Main Author: | |
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Editora Universitária Champagnat - PUCPRESS
2010-05-01
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Series: | Revista de Filosofia |
Online Access: | https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/2215 |
Summary: | No seu famoso artigo “What is it like to be a bat?” (1974), Thomas
Nagel sustenta que existe um ‘ponto de vista’ característico e inescrutável,
não acessível objetivamente na experiência, que determina
o sentido da própria experiência como evento mental. Entre recentes
teorias filosóficas da mente, eventualmente, a esse elemento subjetivo
correspondem os chamados qualia, i.e., propriedades intrínsecas, qualitativas
ou fenomenais da experiência. Na concepção de Nagel, o ‘ponto
de vista’ estabelece os contornos de distinção entre os aspectos objetivos
e subjetivos referentes à experiência. Em certo sentido, essa distinção
parece próxima ao que o biólogo Jakob von Uexküll ([1934] 1982)
entende ser a distinção entre Umwelt e Innenwelt e que tem motivado
muitos estudos em etologia cognitiva (ALLEN; BEKOFF, 1997, p. 141).
Em particular, por oposição a Innenwelt, ou ‘mundo-interno’, o termo
Umwelt, ou ‘mundo-próprio’, descreve a estrutura cognitiva da experiência
de diferentes organismos desde escalas inferiores (água-viva) a escalas
superiores (ser humano). Procuro mostrar, com efeito, que a noção de
‘mundo-próprio’ descreve objetivamente na organização cognitiva animal
o que Nagel considera ser a característica subjetiva e inescrutável da
própria experiência. |
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ISSN: | 0104-4443 1980-5934 |