O Cadáver, um emblema da morte em “Ápeiron”, de Caio Fernando Abreu
O objetivo do presente artigo é investigar os procedimentos utilizados por Caio Fernando Abreu para a construção das representações da morte em sua obra. Para tanto, tomamos, aqui, o conto “Apeiron”, publicado no livro Inventário do irremediável (1970). No texto, a reflexão sobre a morte, bem como...
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Published: |
Universidade de São Paulo
2010-10-01
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Series: | Revista Criação & Crítica |
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O objetivo do presente artigo é investigar os procedimentos utilizados por Caio Fernando Abreu para a construção das representações da morte em sua obra. Para tanto, tomamos, aqui, o conto “Apeiron”, publicado no livro Inventário do irremediável (1970). No texto, a reflexão sobre a morte, bem como o processo de dissociação a ela ligado, é deflagrada a partir da representação dos estados mentais de um cadáver, espécie de emblema alegórico da finitude humana, uma vez que pode ser visto como uma personificação da morte. Além disso, o caráter emblemático do corpo morto remete, também, ao esvaziamento da vida humana. O conto estabelece uma ambiguidade, especialmente porque a escolha discursiva (indireto e indireto livre) não permite ao leitor vincular diretamente as ideias presentes no texto ao cadáver-protagonista ou ao narrador, levando-o a questionar se o texto é o produto da imaginação deste narrador ou a manutenção insólita da vida mental de um homem morto. Seja a imaginação sobre a morte ou a vivência desta, “Apeiron” se mostra um texto no qual, a partir do processo de morrer, Abreu faz uma reflexão sobre o sentido do ser.
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