Um Um grito lancinante foi ouvido: as desrazões contagiosas em ‘O mez da grippe’, de Valêncio Xavier

O presente artigo se propõe a fazer uma análise acerca das relações entre microparasitismo e macroparasitismo na novela ‘O mez da grippe’, de Valêncio Xavier, publicada originalmente em 1981, e que tem como cenário a cidade de Curitiba em 1918, assolada pela gripe espanhola. A polifonia caleidoscóp...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ana Cláudia Aymore Martins
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual de Maringá 2021-12-01
Series:Acta Scientiarum: Language and Culture
Subjects:
Online Access:https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciLangCult/article/view/58492
Description
Summary:O presente artigo se propõe a fazer uma análise acerca das relações entre microparasitismo e macroparasitismo na novela ‘O mez da grippe’, de Valêncio Xavier, publicada originalmente em 1981, e que tem como cenário a cidade de Curitiba em 1918, assolada pela gripe espanhola. A polifonia caleidoscópica do livro de Xavier, construído a partir da colagem entre diversos gêneros textuais/imagéticos (como artigos de jornais, documentos oficiais, fotografias de época, propaganda, obituários), intercalados por fragmentos ficcionais, possibilita o desenvolvimento de diversas camadas de leitura, entre as quais a perspectiva da doença, e sobretudo da epidemia, como metáfora  ̶  da guerra, da loucura, da anormalidade, do crime, em suma, das ‘desrazões contagiosas’  ̶  sobressai como uma das mais instigantes. Assim, a escrita literária possibilita refletir acerca da condição singular de se viver em tempos de pandemia, o que se realiza, aqui, tomando como base a análise de algumas das figuras e personagens da obra, como o caminhante solitário, o Kaiser Guilherme II, a sobrevivente D. Lucia, o sr. Telêmaco Jardim, o louco Manoel de Campos, a vítima Clara Heisler, o Mão Peluda e a própria Hespanhola. Para o desenvolvimento das análises propostas, os principais aportes teórico-críticos e historiográficos são os textos de McNeill (1998), Sontag (2007), Foucault (2010), Benjamin (1989), Delumeau (1989) e Eco (1994).
ISSN:1983-4675
1983-4683