Summary: | A intolerância religiosa possui uma longa história. Na tradição cristã, a mais célebre justificativa do uso da força pelo poder temporal para promover a unidade da igreja foi elaborada por Agostinho (354-430) em alguns de seus tratados, cartas e sermões compostos ao longo da controvérsia donatista. Concentrando-se nas cartas relativas à coerção dos donatistas, especialmente na Carta a Vicente e na Carta a Bonifácio, o presente artigo pretende examinar a justificativa agostiniana do uso da força pelo poder temporal para promover a unidade da igreja com o intuito de explicar seu recurso às Escrituras. De maneira mais específica, almeja-se (i) identificar as principais passagens bíblicas que a embasam e (ii) demonstrar como elas se relacionam à concepção agostiniana (ii.a) da coerção e (ii.b) da relação entre poder temporal e igreja. A título de completude e clareza, pretende-se ainda (iii) propor uma breve história do donatismo e (iv) apresentar um quadro sinóptico, em apêndice, de todos os escritos agostinianos na controvérsia. Como de praxe na pesquisa em história da filosofia, a metodologia utilizada é a revisão bibliográfica.
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