Summary: | Introdução: A Disfunção Sexual Feminina (DSF) é multifactorial. Pouca atenção lhe tem sido dada, pela ausência de diagnóstico bem definido, de uma classificação universal e de escalas validadas. A sua prevalência é elevada (25% a 63%) e está associada a diversos factores. No entanto, apenas 11% a 30% das mulheres procuram ajuda profissional e 68% revelam-se satisfeitas com o seu relacionamento sexual global. O Médico de Família (MF) é fundamental na sua abordagem, tratando-se de um problema pouco estudado em Portugal.
Objectivos: Determinar a prevalência de DSF, seus subtipos e frequência; verificar factores associados; determinar o grau de satisfação com a vida sexual global e a proporção de procura de ajuda. Verificar se o tema é abordado pelo MF.
Material e métodos: Estudo observacional transversal e analítico, em 421 mulheres entre 18 e 65 anos, aleatoriamente seleccionadas dos utentes do CS da Senhora da Hora (Portugal). Aplicado um questionário anónimo e confidencial de auto-resposta. Análise de dados: taxa de resposta, caracterização da amostra, prevalência de DSF e seus subtipos e verificação de factores relacionados (teste de
2 para comparação de proporções).
Resultados: Taxa de resposta: 99,7%. Prevalência de DSF de 74,2%. Os tipos mais prevalentes foram a Dispareunia (57,9%) e o Vaginismo (34,3%). O grau de satisfação com a vida sexual foi elevado (85,9%). Só 15,7% das mulheres procuraram ajuda. O MF abordou o tema com 16,3% das mulheres. Obtiveram-se associações entre DSF e factores sócio-demográficos e médicos.
Discussão/Conclusão: A prevalência de DSF foi superior à de outros estudos. Houve associações (elevada escolaridade e paridade) que foram uma novidade. É necessário avaliar a força de associação dos factores e controlar variáveis de confundimento. São necessários mais estudos, noutras regiões e avaliando outros factores, nomeadamente a função sexual do parceiro.
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