“Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas

<p>O contato entre os indígenas e os não indígenas (“brancos”) configura-se em uma relação não amistosa em quase todas as comunidades indígenas existentes no Brasil, o qual trouxe consequências devastadoras, e a figuração do indígena na história desse país foi/é retratada a partir de um olhar...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Camille Cardoso Miranda, Fátima Cristina Pessoa
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) 2018-10-01
Series:Calidoscópio
Online Access:http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/14650
_version_ 1831614639421521920
author Camille Cardoso Miranda
Fátima Cristina Pessoa
author_facet Camille Cardoso Miranda
Fátima Cristina Pessoa
author_sort Camille Cardoso Miranda
collection DOAJ
description <p>O contato entre os indígenas e os não indígenas (“brancos”) configura-se em uma relação não amistosa em quase todas as comunidades indígenas existentes no Brasil, o qual trouxe consequências devastadoras, e a figuração do indígena na história desse país foi/é retratada a partir de um olhar exterior e eurocêntrico, construindo uma imagem estereotipada sobre os povos indígenas que habitam este país. Em muitas mídias, o índio sempre foi/é descrito a partir do olhar do não indígena, porém, pouco se reflete sobre o olhar do indígena acerca deste Outro. O presente artigo tem como proposta fazer uma leitura, em perspectiva discursiva, sobre a visão que os indígenas têm sobre o homem branco, um ser que é totalmente estranho, designado como o Outro, o diferente. Para estabelecer essa reflexão, o trabalho tem por objeto as narrativas que explicam a origem e o contato com o homem branco para dois distintos povos: T<em>imbira (Aukê/ Aukeré) </em>e <em>Ikpeng (“Pïrínop</em> meu primeiro contato”). O estudo apoia-se principalmente no referencial teórico proposto por Michel Foucault e em suas contribuições sobre regularidade, formação discursiva, prática discursiva e relações de saber e de poder, buscando reconhecer e compreender, nas condições de exercício da função enunciativa que sustenta o acontecimento discursivo das narrativas indígenas sobre as relações interétnicas, as regularidades – bem como as singularidades – enunciativas que fundam práticas discursivas sobre as relações de alteridade. Portanto, espera-se que este trabalho possa reafirmar a importância das tradições culturais e das línguas indígenas existentes no Brasil, ao favorecer espaços de circulação de saberes desqualificados pela hierarquia dos saberes, mas cuja força de insurreição deve-se continuamente ampliar, sobretudo em um contexto histórico em que predomina a dominação colonialista sobre negros, indígenas, estrangeiros, etc.</p><p><strong>Palavras-chave:</strong> prática discursiva, alteridade, Timbira/Ikpeng, não indígenas.</p>
first_indexed 2024-12-18T19:33:03Z
format Article
id doaj.art-289f46a011354473a92da40169a5859a
institution Directory Open Access Journal
issn 2177-6202
language Portuguese
last_indexed 2024-12-18T19:33:03Z
publishDate 2018-10-01
publisher Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
record_format Article
series Calidoscópio
spelling doaj.art-289f46a011354473a92da40169a5859a2022-12-21T20:55:41ZporUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)Calidoscópio2177-62022018-10-0116226127210.4013/cld.2018.162.086215“Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivasCamille Cardoso Miranda0Fátima Cristina Pessoa1Instituto de Estudos da Linguagem - Universidade Estadual de Campinas (IEL-UNICAMP). Doutoranda em Linguística.Universidade Federal do Pará - UFPA<p>O contato entre os indígenas e os não indígenas (“brancos”) configura-se em uma relação não amistosa em quase todas as comunidades indígenas existentes no Brasil, o qual trouxe consequências devastadoras, e a figuração do indígena na história desse país foi/é retratada a partir de um olhar exterior e eurocêntrico, construindo uma imagem estereotipada sobre os povos indígenas que habitam este país. Em muitas mídias, o índio sempre foi/é descrito a partir do olhar do não indígena, porém, pouco se reflete sobre o olhar do indígena acerca deste Outro. O presente artigo tem como proposta fazer uma leitura, em perspectiva discursiva, sobre a visão que os indígenas têm sobre o homem branco, um ser que é totalmente estranho, designado como o Outro, o diferente. Para estabelecer essa reflexão, o trabalho tem por objeto as narrativas que explicam a origem e o contato com o homem branco para dois distintos povos: T<em>imbira (Aukê/ Aukeré) </em>e <em>Ikpeng (“Pïrínop</em> meu primeiro contato”). O estudo apoia-se principalmente no referencial teórico proposto por Michel Foucault e em suas contribuições sobre regularidade, formação discursiva, prática discursiva e relações de saber e de poder, buscando reconhecer e compreender, nas condições de exercício da função enunciativa que sustenta o acontecimento discursivo das narrativas indígenas sobre as relações interétnicas, as regularidades – bem como as singularidades – enunciativas que fundam práticas discursivas sobre as relações de alteridade. Portanto, espera-se que este trabalho possa reafirmar a importância das tradições culturais e das línguas indígenas existentes no Brasil, ao favorecer espaços de circulação de saberes desqualificados pela hierarquia dos saberes, mas cuja força de insurreição deve-se continuamente ampliar, sobretudo em um contexto histórico em que predomina a dominação colonialista sobre negros, indígenas, estrangeiros, etc.</p><p><strong>Palavras-chave:</strong> prática discursiva, alteridade, Timbira/Ikpeng, não indígenas.</p>http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/14650
spellingShingle Camille Cardoso Miranda
Fátima Cristina Pessoa
“Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
Calidoscópio
title “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_full “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_fullStr “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_full_unstemmed “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_short “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_sort auke aukere era mehin que virou cupen o olhar do indigena sobre o outro o homem branco em diferentes praticas discursivas
url http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/14650
work_keys_str_mv AT camillecardosomiranda aukeaukereeramehinqueviroucupenoolhardoindigenasobreooutroohomembrancoemdiferentespraticasdiscursivas
AT fatimacristinapessoa aukeaukereeramehinqueviroucupenoolhardoindigenasobreooutroohomembrancoemdiferentespraticasdiscursivas