INFECÇÃO POR SACCHAROMYCES CEREVISIAE: DEVEMOS NOS PREOCUPAR?

Introdução: O uso de probióticos é frequentemente utilizado na prática clínica como profilaxia para colite pseudomembranosa por Clostridium dificille, sendo o Saccharomyces boulardii, uma levedura que demonstrou ação na prevenção primária da colite. Contudo, há vários relatos de caso que descrevem f...

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Bibliographic Details
Main Authors: Karollinne Comoretto Boza, walton Luiz del Tedesco Junior, Zuleica Naomi Tano, Philipe Quagliato Bellinati, Susana Liliam Wiechmann, Priscila Audibert Nader, Pedro Candido Cassela
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2023-10-01
Series:Brazilian Journal of Infectious Diseases
Subjects:
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867023005615
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description Introdução: O uso de probióticos é frequentemente utilizado na prática clínica como profilaxia para colite pseudomembranosa por Clostridium dificille, sendo o Saccharomyces boulardii, uma levedura que demonstrou ação na prevenção primária da colite. Contudo, há vários relatos de caso que descrevem fungemia por Saccharomyces cerevisiae em pacientes em uso de probióticos preparados com Saccharomyces boulardii. Objetivo: O objetivo avaliar aspectos clínicos e epidemiológico das infecções invasivas por Saccharomyces cerevisiae no período de abril de 2020 a março de 2023. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa no laboratório de microbiologia para identificar as infecções invasivas (hemoculturas positivas para Saccharomyces cerevisiae). Após a identificação, foi realizada revisão de prontuário para a identificação dos pacientes avaliando dados clínicos, epidemiológicos e desfecho (alta/óbito). Resultados: Foram encontrados 11 pacientes internados de abril de 2020 a março de 2023 com cultura positiva para Saccharomyces cerevisiae. Os pacientes tinham média de 51 anos, 63,3% eram do sexo masculino, 45% tinham como motivo da internação COVID-19, tabagismo e etilismo foram as comorbidades mais frequentes. Média de 29,9 dias de permanência na UTI e 46,7 dias de internação hospitalar. Destes pacientes, 90% usaram cateter venoso central, sonda vesical de demora e dieta enteral. Dois pacientes não usaram nenhum tipo de probiótico antes do diagnóstico, todos demais receberam probióticos por estarem com diarreia. O tempo médio de uso de probióticos foi de 15,85 dias para simbióticos e 6,8 dias para uso de saccharomyces. Todos foram tratados com equinocandina, com tempo médio de 6,5 dias. Apenas um paciente recebeu dieta parenteral por 15 dias, e 90% receberam dieta enteral. Houve apenas uma alta hospitalar, os demais foram a óbito. Quanto ao uso de antibióticos encontramos sete pacientes que usaram piperacilina tazobactam antes do dia da coleta que resultou em exame positivo para infecção por saccharomyces. Ceftriaxone e vancomicina foram usados por cinco pacientes. Já carbapenêmicos como meropenem foram usados em quatro pacientes. Polimixina e azitromicina por três. Cefepime, ceftazidima-avibactam, levofloxacino, metronidazol, sulfametoxazol trimetoprima, itraconazol e anfotericina usados por um paciente antes do dia da coleta de material. Conclusão: A infecção por Saccharomyces cerevisiae é grave, com alta mortalidade e deve ser descartada em pacientes em UTI.
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spelling doaj.art-28a482de6f2145ef92ea2bb6eb630c132023-11-16T06:08:02ZengElsevierBrazilian Journal of Infectious Diseases1413-86702023-10-0127103301INFECÇÃO POR SACCHAROMYCES CEREVISIAE: DEVEMOS NOS PREOCUPAR?Karollinne Comoretto Boza0walton Luiz del Tedesco Junior1Zuleica Naomi Tano2Philipe Quagliato Bellinati3Susana Liliam Wiechmann4Priscila Audibert Nader5Pedro Candido Cassela6Corresponding author.; Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, BrasilUniversidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, BrasilUniversidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, BrasilUniversidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, BrasilUniversidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, BrasilUniversidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, BrasilUniversidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, BrasilIntrodução: O uso de probióticos é frequentemente utilizado na prática clínica como profilaxia para colite pseudomembranosa por Clostridium dificille, sendo o Saccharomyces boulardii, uma levedura que demonstrou ação na prevenção primária da colite. Contudo, há vários relatos de caso que descrevem fungemia por Saccharomyces cerevisiae em pacientes em uso de probióticos preparados com Saccharomyces boulardii. Objetivo: O objetivo avaliar aspectos clínicos e epidemiológico das infecções invasivas por Saccharomyces cerevisiae no período de abril de 2020 a março de 2023. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa no laboratório de microbiologia para identificar as infecções invasivas (hemoculturas positivas para Saccharomyces cerevisiae). Após a identificação, foi realizada revisão de prontuário para a identificação dos pacientes avaliando dados clínicos, epidemiológicos e desfecho (alta/óbito). Resultados: Foram encontrados 11 pacientes internados de abril de 2020 a março de 2023 com cultura positiva para Saccharomyces cerevisiae. Os pacientes tinham média de 51 anos, 63,3% eram do sexo masculino, 45% tinham como motivo da internação COVID-19, tabagismo e etilismo foram as comorbidades mais frequentes. Média de 29,9 dias de permanência na UTI e 46,7 dias de internação hospitalar. Destes pacientes, 90% usaram cateter venoso central, sonda vesical de demora e dieta enteral. Dois pacientes não usaram nenhum tipo de probiótico antes do diagnóstico, todos demais receberam probióticos por estarem com diarreia. O tempo médio de uso de probióticos foi de 15,85 dias para simbióticos e 6,8 dias para uso de saccharomyces. Todos foram tratados com equinocandina, com tempo médio de 6,5 dias. Apenas um paciente recebeu dieta parenteral por 15 dias, e 90% receberam dieta enteral. Houve apenas uma alta hospitalar, os demais foram a óbito. Quanto ao uso de antibióticos encontramos sete pacientes que usaram piperacilina tazobactam antes do dia da coleta que resultou em exame positivo para infecção por saccharomyces. Ceftriaxone e vancomicina foram usados por cinco pacientes. Já carbapenêmicos como meropenem foram usados em quatro pacientes. Polimixina e azitromicina por três. Cefepime, ceftazidima-avibactam, levofloxacino, metronidazol, sulfametoxazol trimetoprima, itraconazol e anfotericina usados por um paciente antes do dia da coleta de material. Conclusão: A infecção por Saccharomyces cerevisiae é grave, com alta mortalidade e deve ser descartada em pacientes em UTI.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867023005615Saccharomyces cerevisiaeUnidade Terapia IntensivaProbióticosSimbiótico
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