Epilepsia em pacientes com mais de 11 anos de idade: considerações a respeito de 1.000 casos com estudo clínico e eletrencefalográfico

Os autores fizeram revisão do estudo clínico e eletrencefalográfico de 1.000 pacientes com manifestações clínicas do tipo epiléptico, selecionados entre 4.700 casos estudados. Em todos os casos foi obtida anamnese detalhada sobre o tipo de crise, os antecedentes pessoais (em particular antecedentes...

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Bibliographic Details
Main Authors: Paulo Pinto Pupo, Olavo Pazzanese, B. A. Sampaio
Format: Article
Language:English
Published: Academia Brasileira de Neurologia (ABNEURO) 1954-06-01
Series:Arquivos de Neuro-Psiquiatria
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1954000200005&lng=en&tlng=en
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As manifestações clínicas, classificadas segundo o critério de Penfield e colaboradores, foram comparadas com os resultados obtidos pela eletren-cefalografia (simples ou ativada) e finalmente projetadas em gráficos e quadros. Estes foram catalogados separadamente segundo os grupos de idade de 11 a 20 anos, de 21 a 35 anos, e de 36 e mais. Os resultados clínicos e eletrencefalográficos, assim como a comparação entre uns e outros, permitem destacar os seguintes fatos: 1. No total dos pacientes o eletrencefalograma mostrou alterações de tipo lesional em 36,8%, alterações de tipo endógeno em 32,5% e não evidenciou alterações de tipo epiléptico em 30,7%. 2. Os pacientes portadores de alterações do tipo lesional assim se distribuíram segundo os grupos de idade: 39,8% no primeiro grupo (11 a 20 anos), 36,7% no segundo (21 a 35 anos) e 32,30% no terceiro (36 e mais). 3. Êstes mesmos pacientes assim se distribuíram segundo a idade do início da moléstia: 53,9% no grupo de 0 a 10 anos, 31% no grupo de 11 a 20 anos, 29,1% no grupo de 21 a 35 anos e 31,8% no grupo de mais de 36 anos. 4. Os pacientes portadores de alterações do tipo endógeno assim se distribuíram segundo os grupos de idade: 42,25% no primeiro grupo, 33,75% no segundo e 16% no terceiro. 5. Tais pacientes assim se distribuíram segundo a idade do início da moléstia: 30,2% no grupo de 0 a 10 anos, 41,5% no grupo de 11 a 20 anos, 31,9% no grupo de 21 a 35 anos e 8,5% no grupo de 36 anos e mais. 6. Os pacientes em que o EEG nada revelou assim se distribuíram segundo os grupos de idade: 17,94% no primeiro grupo, 29,50% no segundo e 51,70% no terceiro. 7. Esses pacientes, segundo a idade do início da moléstia, assim se distribuíram: 15,9% no grupo de 0 a 10 anos, 27,5% no grupo de 11 a 20 anos, 39% no grupo de 21 a 35 anos, e, finalmente, 59,7% no grupo de 36 anos e mais. 8. O tipo de distúrbio eletrencefalográfico, assim como a topografia das alterações focais, quando presentes, coincidem, em elevada percentagem de casos, com o tipo das manifestações clínicas dos pacientes. 9. As crises de tipo bravais-jacksoniano, em discordância com os demais tipos de crises focais, apresentou elevada proporção de casos com EEG negativo (36 em 91 casos). As crises de epilepsia temporal mostraram 10 casos negativos num total de 132, e as demais crises motoras late-ralizadas evidenciaram somente 18 num total de 125 casos. 10. A crise do tipo GM foi a que mais apresentou EEG negativo (236 num total de 572 casos). A crise de tipo PM confirmou integralmente o diagnóstico de fator endógeno predominante (43 sobre 44 casos). 11. As crises de tipo temporal apresentaram, em grande proporção de casos, distúrbios de tipo lesional no EEG (118 num total de 132 casos) e, em particular, tais distúrbios lesionáis foram de tipo focal nos lobos temporais (86 num total de 118 casos). 12. As demais crises motoras lateralizadas evidenciaram igualmente, em elevada proporção, distúrbios de tipo lesional no EEG (88 num total de 127 casos). 13. A presença de epilepsia em parentes até o terceiro grau mostrou coincidir com a maior proporção de casos de epilepsia endógena (90 num total de 219 pacientes). 14. Em reverso, os sinais neuro-psiquiátricos de afecção orgânica cerebral coincidiram, em elevada proporção, com a presença de distúrbios de tipo lesional nos traçados eletrencefalográficos (93 num total de 120 pacientes) . 15. A ativação pelo sono barbitúrico tem sido feita nos casos em que o exame simples ou ativado pela hiperpnéia nada revelara ou com finalidade de melhor identificar distúrbios frustros. Num total de 202 casos em que foi empregada, conseguiu positivar elementos em 65. Entre os casos em que a ativação pelo sono foi positiva sobressaem os de crise temporal, nos quais foi elucidativa em 37, e negativa somente em 9. 16. A ativação pelo metrazol, usada de rotina mais recentemente, foi feita em 55 pacientes, com o mesmo critério. Ela conseguiu positivar o diagnóstico em 37. 17. E' de salientar que, dos 307 pacientes em que o EEG não evidenciou característicos de tipo epiléptico, percentualmente o maior número estava entre os de idade superior a 35 anos. Isto faz pensar na possível existência de outros fatores correlativos (intoxicações crônicas, anóxia por artériosclérose cerebral, hipoglicemia, etc.), que não os lesionáis cerebrais, na gênese de seus distúrbios paroxísticos.
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spelling doaj.art-28f430a5452d422db1099123cc10051c2022-12-21T17:32:45ZengAcademia Brasileira de Neurologia (ABNEURO)Arquivos de Neuro-Psiquiatria1678-42271954-06-0112210912210.1590/S0004-282X1954000200005S0004-282X1954000200005Epilepsia em pacientes com mais de 11 anos de idade: considerações a respeito de 1.000 casos com estudo clínico e eletrencefalográficoPaulo Pinto PupoOlavo PazzaneseB. A. SampaioOs autores fizeram revisão do estudo clínico e eletrencefalográfico de 1.000 pacientes com manifestações clínicas do tipo epiléptico, selecionados entre 4.700 casos estudados. Em todos os casos foi obtida anamnese detalhada sobre o tipo de crise, os antecedentes pessoais (em particular antecedentes obstétricos, traumas ou moléstias outras afetando o encéfalo) e heredo-familiares, assim como a idade de início de suas perturbações. Cumpre assinalar que a primeira convulsão foi considerada como início da moléstia, mesmo quando entre ela e as demais tivesse havido um intervalo de anos. Paralelamente, em todos os casos foram feitos exames clínico, neurológico e psiquiátrico, e, em grande número deles, exames de liqüido cefalorraqueano e radiográfico do crânio (craniograma simples, pneumencefalograma e arteriograma). As manifestações clínicas, classificadas segundo o critério de Penfield e colaboradores, foram comparadas com os resultados obtidos pela eletren-cefalografia (simples ou ativada) e finalmente projetadas em gráficos e quadros. Estes foram catalogados separadamente segundo os grupos de idade de 11 a 20 anos, de 21 a 35 anos, e de 36 e mais. Os resultados clínicos e eletrencefalográficos, assim como a comparação entre uns e outros, permitem destacar os seguintes fatos: 1. No total dos pacientes o eletrencefalograma mostrou alterações de tipo lesional em 36,8%, alterações de tipo endógeno em 32,5% e não evidenciou alterações de tipo epiléptico em 30,7%. 2. Os pacientes portadores de alterações do tipo lesional assim se distribuíram segundo os grupos de idade: 39,8% no primeiro grupo (11 a 20 anos), 36,7% no segundo (21 a 35 anos) e 32,30% no terceiro (36 e mais). 3. Êstes mesmos pacientes assim se distribuíram segundo a idade do início da moléstia: 53,9% no grupo de 0 a 10 anos, 31% no grupo de 11 a 20 anos, 29,1% no grupo de 21 a 35 anos e 31,8% no grupo de mais de 36 anos. 4. Os pacientes portadores de alterações do tipo endógeno assim se distribuíram segundo os grupos de idade: 42,25% no primeiro grupo, 33,75% no segundo e 16% no terceiro. 5. Tais pacientes assim se distribuíram segundo a idade do início da moléstia: 30,2% no grupo de 0 a 10 anos, 41,5% no grupo de 11 a 20 anos, 31,9% no grupo de 21 a 35 anos e 8,5% no grupo de 36 anos e mais. 6. Os pacientes em que o EEG nada revelou assim se distribuíram segundo os grupos de idade: 17,94% no primeiro grupo, 29,50% no segundo e 51,70% no terceiro. 7. Esses pacientes, segundo a idade do início da moléstia, assim se distribuíram: 15,9% no grupo de 0 a 10 anos, 27,5% no grupo de 11 a 20 anos, 39% no grupo de 21 a 35 anos, e, finalmente, 59,7% no grupo de 36 anos e mais. 8. O tipo de distúrbio eletrencefalográfico, assim como a topografia das alterações focais, quando presentes, coincidem, em elevada percentagem de casos, com o tipo das manifestações clínicas dos pacientes. 9. As crises de tipo bravais-jacksoniano, em discordância com os demais tipos de crises focais, apresentou elevada proporção de casos com EEG negativo (36 em 91 casos). As crises de epilepsia temporal mostraram 10 casos negativos num total de 132, e as demais crises motoras late-ralizadas evidenciaram somente 18 num total de 125 casos. 10. A crise do tipo GM foi a que mais apresentou EEG negativo (236 num total de 572 casos). A crise de tipo PM confirmou integralmente o diagnóstico de fator endógeno predominante (43 sobre 44 casos). 11. As crises de tipo temporal apresentaram, em grande proporção de casos, distúrbios de tipo lesional no EEG (118 num total de 132 casos) e, em particular, tais distúrbios lesionáis foram de tipo focal nos lobos temporais (86 num total de 118 casos). 12. As demais crises motoras lateralizadas evidenciaram igualmente, em elevada proporção, distúrbios de tipo lesional no EEG (88 num total de 127 casos). 13. A presença de epilepsia em parentes até o terceiro grau mostrou coincidir com a maior proporção de casos de epilepsia endógena (90 num total de 219 pacientes). 14. Em reverso, os sinais neuro-psiquiátricos de afecção orgânica cerebral coincidiram, em elevada proporção, com a presença de distúrbios de tipo lesional nos traçados eletrencefalográficos (93 num total de 120 pacientes) . 15. A ativação pelo sono barbitúrico tem sido feita nos casos em que o exame simples ou ativado pela hiperpnéia nada revelara ou com finalidade de melhor identificar distúrbios frustros. Num total de 202 casos em que foi empregada, conseguiu positivar elementos em 65. Entre os casos em que a ativação pelo sono foi positiva sobressaem os de crise temporal, nos quais foi elucidativa em 37, e negativa somente em 9. 16. A ativação pelo metrazol, usada de rotina mais recentemente, foi feita em 55 pacientes, com o mesmo critério. Ela conseguiu positivar o diagnóstico em 37. 17. E' de salientar que, dos 307 pacientes em que o EEG não evidenciou característicos de tipo epiléptico, percentualmente o maior número estava entre os de idade superior a 35 anos. Isto faz pensar na possível existência de outros fatores correlativos (intoxicações crônicas, anóxia por artériosclérose cerebral, hipoglicemia, etc.), que não os lesionáis cerebrais, na gênese de seus distúrbios paroxísticos.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1954000200005&lng=en&tlng=en
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