Summary: | O século XXI tem assistido crescentes discussões que imbricam questões de gênero e pós-colonialismo, tanto na literatura quanto nas humanidades. Assim, gênero, raça e etnia são projetados como igualmente relevantes na releitura e apreensão da ‘História’. Levando-se em consideração o projeto colonial e suas noções de território e propriedade na diáspora dos povos africanos através do Atlântico, nota-se hoje uma crise na representação em que se vêem obliteradas as várias subjetividades destes indivíduos, então tidos como mercadoria. Este trabalho tem por objetivo analisar a coleção de gravuras Creole Portraits (2002) da caribenha Joscelyn Gardner, bem como a coletânea de poemas Zong! (2008) de Marlene NourbeSe Philip. Em ambos os trabalhos, percebe-se uma utilização da invisibilidade como estratégia de descolonizar corpos escravizados sem recair em armadilhas essencialistas. Ao passo que Gardner recorre aos diários de Thomas Thislewood, um capitão do mato inglês na Jamaica do século XIX, NourbeSe Philip se apropria do processo jurídico Gregson vs. Gilbert, no qual se reporta, em uma disputa monetária com a seguradora, o assassinato de aproximadamente 150 escravos a bordo do navio Zong. Contribuições de teóricas do gênero e pós-colonialismo, como Saidiya Hartman, Natasha Tinsley, entre outras, servirão de aporte teórico para esta investigação.
|