Summary: | Neste artigo percorro um conjunto de ideias que proponho como um modo de compreensão do espaço de criação literária, artística e política de escritoras negras contemporâneas brasileiras. Esse espaço em questão foi pensado a partir de uma figuração do corpo feminino, onde busquei ancorar meu raciocínio, a partir das noções de maternidade literária e ventre gerador, tendo como ponto central fragmentos dos manuscritos biográficos de Joremir de Assis Ferreira, minha avó-mãe de criação, lido em diálogo com escritas de outras duas autoras negras da literatura brasileira, Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus, que por sua vez, amplificam questões das vivências negro-femininas. O procedimento de leitura é de matriz afetiva e parte de figurações de espaços do corpo feminino em gestação, o procedimento metodológico que organiza a análise parte da ideia de leitura em roda (Miranda, 2019). O objetivo deste artigo é demonstrar a relação político-afirmativa partilhada tanto pela escrita literária de autoras negras brasileiras já reconhecidas quanto escritas não difundidas, que se dão no cotidiano e na intimidade de mulheres negras.
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