Discurso, referenciação e construção de identidades políticas: O caso do occupy wall street

O presente artigo objetiva empreender uma análise da construção identitária do Occupy Wall Street (OWS), movimento norte-americano que se opunha à política financeira do capitalismo e, consequentemente, à forte influência exercida pelo capital sobre o Estado. Assim, buscamos responder à questão de c...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Thaysa Maria Cavalcante, Ruberval Ferreira
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual de Londrina 2016-12-01
Series:Signum: Estudos da Linguagem
Subjects:
Online Access:https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/24497
Description
Summary:O presente artigo objetiva empreender uma análise da construção identitária do Occupy Wall Street (OWS), movimento norte-americano que se opunha à política financeira do capitalismo e, consequentemente, à forte influência exercida pelo capital sobre o Estado. Assim, buscamos responder à questão de como se dá a construção discursiva da identidade desse objeto de discurso, a partir das estratégias referenciais mobilizadas no texto da Declaração de Autonomia, documento aprovado em reunião da Assembleia Geral do movimento. Nosso aporte teórico-metodológico consiste de uma articulação entre a teoria do discurso, do cientista político Ernesto Laclau (LACLAU & MOUFFE, [1985] 2001; LACLAU, 1990; 2011) – especialmente suas considerações acerca da relação entre discurso, antagonismo e construção de identidades políticas por meio de uma lógica da equivalência –, e os estudos da referenciação, na perspectiva de autores como Apothéloz e Reichler-Béguelin (1995), Koch (2005; 2015), Marcuschi (2007) e Ciulla e Silva (2008). Utilizando como categoria de análise textual as expressões anafóricas – sem desprezar outros elementos, como alguns dêiticos, que interferem no processo de construção do objeto de discurso em questão – atentaremos para o fato de que essa construção configura o OWS como o que Laclau chama significante vazio, cuja identidade é esculpida através da formação e expansão de uma cadeia de equivalências, que se estabelece a partir de uma relação antagônica. Por fim, discutiremos algumas questões referentes a esse modo de construção identitária, de modo a encarar a linguagem não apenas como forma de materialização das tensões sociais, mas como o lugar privilegiado das lutas sociais acarretadas por essas tensões.
ISSN:2237-4876