Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do Brasil
A Formação Codó, exposta no leste e sul da Bacia de Grajaú, consiste em sistemas deposicionais dos tipos lacustre e sabkha-salt pan, respectivamente, cujos depósitos incluem evaporito, folhelho negro betuminoso, folhelho cinza-esverdeado e calcário organizados em ciclos de arrasamento ascendente. N...
| Main Authors: | , , , |
|---|---|
| Format: | Article |
| Language: | English |
| Published: |
Asociación Argentina de Sedimentología
2021-03-01
|
| Series: | Latin American Journal of Sedimentology and Basin Analysis |
| Subjects: | |
| Online Access: | https://lajsba.sedimentologia.org.ar/index.php/lajsba/article/view/86 |
| _version_ | 1797386556103720960 |
|---|---|
| author | Daniele Freitas Gonçalves Dilce de Fátima Rossetti Rossetti Werner Truckenbrodt Anderson Conceição Mendes |
| author_facet | Daniele Freitas Gonçalves Dilce de Fátima Rossetti Rossetti Werner Truckenbrodt Anderson Conceição Mendes |
| author_sort | Daniele Freitas Gonçalves |
| collection | DOAJ |
| description |
A Formação Codó, exposta no leste e sul da Bacia de Grajaú, consiste em sistemas deposicionais dos tipos lacustre e sabkha-salt pan, respectivamente, cujos depósitos incluem evaporito, folhelho negro betuminoso, folhelho cinza-esverdeado e calcário organizados em ciclos de arrasamento ascendente. Neste trabalho, foram realizadas análises de difração de raios-X, microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura em rochas predominantemente argilosas desta unidade, objetivando a caracterização da assembléia de argilominerais e o registro de sua variabilidade vertical ao longo dos ciclos deposicionais, a fim de discutir sua origem e verificar sua aplicabilidade como indicadores paleoclimático e paleoambiental. Os resultados indicam uma assembléia de argilominerais dominada por esmectita, seguida por ilita, caulinita e interestratificados irregulares ilita/esmectita. A esmectita é, em sua maioria, detrítica e caracterizada por palhetas crenuladas e/ou esgarçadas dispostas em arranjo paralelo ou caótico, sendo dominantes na porção inferior dos ciclos deposicionais. Quando pura, a esmectita mostra cristalinidade boa, tendo sido classificada como dioctaédrica e pertencente à espécie montmorillonita. Para o topo dos ciclos de arrasamento ascendente, ocorre aumento relativo de caulinita e ilita, estas com hábitos que revelam, pelo menos em parte, contribuição autigênica.
A constatação de origem detrítica para o maior volume de argilominerais presentes nos depósitos estudados tornou possível sua utilização com propósitos de interpretação paleoambiental e paleoclimática. De forma geral, o domínio de esmectitas detríticas revela deposição a partir de suspensões em praticamente toda a extensão do sistema deposicional, sendo condizente com ambientes calmos, típicos de sistemas lacustres e complexos de sabkha-salt pan, como proposto para as áreas de estudo através de dados faciológicos. O domínio de argilas revela bacia com topografia, no geral, plana, sendo a espécie montmorillonita típica de áreas continentais. Além disto, mesmo tendo sido constatada origem autigênica para a caulinita e ilita, a coincidência sistemática de suas maiores ocorrências com o topo dos ciclos de arrasamento ascendente, sugere formação condicionada a mudanças paleoambientais específicas. Assim, propõe-se um modelo onde esmectitas detríticas teriam sido introduzidas em grande volume para áreas deprimidas durante períodos de nível de base elevado. À medida que o influxo e, conseqüentemente, o nível de base diminuiu, reduzindo a lâmina d´água, houve alternância de sedimentação clástica e química sob condições alternadamente subaquosas e subaéreas. A formação de caulinita e ilita como produto de substituição da esmectita detrítica pode ter ocorrido por influência de freqüentes exposições subaéreas e pedogênese. Estudos futuros são ainda necessários para melhor entender a origem destes minerais autigênicos. Porém, a ocorrência de ambos minerais em mesmo horizonte estratigráfico associado com fácies lacustres marginais do topo dos ciclos de arrasamento ascendente da área de estudo sugere possível influência climática. Desta forma, a formação da ilita ocorreria sob condições de maior evaporação (períodos mais secos), enquanto que a caulinita teria se formado sob condições de maior lixiviação por águas freáticas com pH baixo (períodos mais úmidos). O domínio de esmectita detrítica do tipo montmorillonita é condizente com condições de lixiviação e intemperismo intermediários em solos temperados com boa drenagem e pH neutro ou solos pobremente drenados e alcalinos de zonas áridas. Estas características, aliadas à vasta ocorrência de evaporitos na região estudada, confirmam tendência de clima quente e semi-árido durante o Neoaptiano da Bacia de Grajaú.
|
| first_indexed | 2024-03-08T22:11:07Z |
| format | Article |
| id | doaj.art-2baf1cb3f672479d998edc2ad6559826 |
| institution | Directory Open Access Journal |
| issn | 1669-7316 1851-4979 |
| language | English |
| last_indexed | 2024-03-08T22:11:07Z |
| publishDate | 2021-03-01 |
| publisher | Asociación Argentina de Sedimentología |
| record_format | Article |
| series | Latin American Journal of Sedimentology and Basin Analysis |
| spelling | doaj.art-2baf1cb3f672479d998edc2ad65598262023-12-19T06:18:21ZengAsociación Argentina de SedimentologíaLatin American Journal of Sedimentology and Basin Analysis1669-73161851-49792021-03-01131Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do BrasilDaniele Freitas Gonçalves0Dilce de Fátima Rossetti Rossetti1Werner Truckenbrodt2Anderson Conceição Mendes3Universidade Federal do Pará- Centro de Geociências CPGG/ UFPA, Av. Bernardo Sayão S/N Guamá C. P. 1611, 66075-110, Belém-PAINPE, Rua dos Astronautas 1758-CP 515, 12245-970 São José dos Campos-SPUniversidade Federal do Pará- Centro de Geociências CPGG/ UFPA, Av. Bernardo Sayão S/N Guamá C. P. 1611, 66075-110, Belém-PAUniversidade Federal do Pará- Centro de Geociências CPGG/ UFPA, Av. Bernardo Sayão S/N Guamá C. P. 1611, 66075-110, Belém-PA A Formação Codó, exposta no leste e sul da Bacia de Grajaú, consiste em sistemas deposicionais dos tipos lacustre e sabkha-salt pan, respectivamente, cujos depósitos incluem evaporito, folhelho negro betuminoso, folhelho cinza-esverdeado e calcário organizados em ciclos de arrasamento ascendente. Neste trabalho, foram realizadas análises de difração de raios-X, microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura em rochas predominantemente argilosas desta unidade, objetivando a caracterização da assembléia de argilominerais e o registro de sua variabilidade vertical ao longo dos ciclos deposicionais, a fim de discutir sua origem e verificar sua aplicabilidade como indicadores paleoclimático e paleoambiental. Os resultados indicam uma assembléia de argilominerais dominada por esmectita, seguida por ilita, caulinita e interestratificados irregulares ilita/esmectita. A esmectita é, em sua maioria, detrítica e caracterizada por palhetas crenuladas e/ou esgarçadas dispostas em arranjo paralelo ou caótico, sendo dominantes na porção inferior dos ciclos deposicionais. Quando pura, a esmectita mostra cristalinidade boa, tendo sido classificada como dioctaédrica e pertencente à espécie montmorillonita. Para o topo dos ciclos de arrasamento ascendente, ocorre aumento relativo de caulinita e ilita, estas com hábitos que revelam, pelo menos em parte, contribuição autigênica. A constatação de origem detrítica para o maior volume de argilominerais presentes nos depósitos estudados tornou possível sua utilização com propósitos de interpretação paleoambiental e paleoclimática. De forma geral, o domínio de esmectitas detríticas revela deposição a partir de suspensões em praticamente toda a extensão do sistema deposicional, sendo condizente com ambientes calmos, típicos de sistemas lacustres e complexos de sabkha-salt pan, como proposto para as áreas de estudo através de dados faciológicos. O domínio de argilas revela bacia com topografia, no geral, plana, sendo a espécie montmorillonita típica de áreas continentais. Além disto, mesmo tendo sido constatada origem autigênica para a caulinita e ilita, a coincidência sistemática de suas maiores ocorrências com o topo dos ciclos de arrasamento ascendente, sugere formação condicionada a mudanças paleoambientais específicas. Assim, propõe-se um modelo onde esmectitas detríticas teriam sido introduzidas em grande volume para áreas deprimidas durante períodos de nível de base elevado. À medida que o influxo e, conseqüentemente, o nível de base diminuiu, reduzindo a lâmina d´água, houve alternância de sedimentação clástica e química sob condições alternadamente subaquosas e subaéreas. A formação de caulinita e ilita como produto de substituição da esmectita detrítica pode ter ocorrido por influência de freqüentes exposições subaéreas e pedogênese. Estudos futuros são ainda necessários para melhor entender a origem destes minerais autigênicos. Porém, a ocorrência de ambos minerais em mesmo horizonte estratigráfico associado com fácies lacustres marginais do topo dos ciclos de arrasamento ascendente da área de estudo sugere possível influência climática. Desta forma, a formação da ilita ocorreria sob condições de maior evaporação (períodos mais secos), enquanto que a caulinita teria se formado sob condições de maior lixiviação por águas freáticas com pH baixo (períodos mais úmidos). O domínio de esmectita detrítica do tipo montmorillonita é condizente com condições de lixiviação e intemperismo intermediários em solos temperados com boa drenagem e pH neutro ou solos pobremente drenados e alcalinos de zonas áridas. Estas características, aliadas à vasta ocorrência de evaporitos na região estudada, confirmam tendência de clima quente e semi-árido durante o Neoaptiano da Bacia de Grajaú. https://lajsba.sedimentologia.org.ar/index.php/lajsba/article/view/86Paleoclima; Paleoambiente; argilominerais; Neoaptiano; Nordeste do Brasil |
| spellingShingle | Daniele Freitas Gonçalves Dilce de Fátima Rossetti Rossetti Werner Truckenbrodt Anderson Conceição Mendes Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do Brasil Latin American Journal of Sedimentology and Basin Analysis Paleoclima; Paleoambiente; argilominerais; Neoaptiano; Nordeste do Brasil |
| title | Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do Brasil |
| title_full | Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do Brasil |
| title_fullStr | Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do Brasil |
| title_full_unstemmed | Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do Brasil |
| title_short | Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, nordeste do Brasil |
| title_sort | argilominerais da formacao codo aptiano superior bacia de grajau nordeste do brasil |
| topic | Paleoclima; Paleoambiente; argilominerais; Neoaptiano; Nordeste do Brasil |
| url | https://lajsba.sedimentologia.org.ar/index.php/lajsba/article/view/86 |
| work_keys_str_mv | AT danielefreitasgoncalves argilomineraisdaformacaocodoaptianosuperiorbaciadegrajaunordestedobrasil AT dilcedefatimarossettirossetti argilomineraisdaformacaocodoaptianosuperiorbaciadegrajaunordestedobrasil AT wernertruckenbrodt argilomineraisdaformacaocodoaptianosuperiorbaciadegrajaunordestedobrasil AT andersonconceicaomendes argilomineraisdaformacaocodoaptianosuperiorbaciadegrajaunordestedobrasil |