Física, gramática e pragmática dos sons de fala
Este artigo argumenta que a cisão entre a Fonética e a Fonologia deve ser superada em prol de uma visão integrada dos fatos fônicos, que vem obtendo crescente respaldo na literatura. Parte desse respaldo vem da evidência de que certos processos fônicos podem ser categóricos ou gradientes sob condiç...
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Format: | Article |
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Published: |
Associação Brasileira de Linguística
2021-04-01
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Series: | Cadernos de Linguística |
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author | Eleonora C. Albano |
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Este artigo argumenta que a cisão entre a Fonética e a Fonologia deve ser superada em prol de uma visão integrada dos fatos fônicos, que vem obtendo crescente respaldo na literatura. Parte desse respaldo vem da evidência de que certos processos fônicos podem ser categóricos ou gradientes sob condições só ligeiramente distintas, tornando implausível a existência de um componente fonológico independente da fonética. Outra parte do respaldo vem da evidência contra a existência de uma mecânica fônica universal, o que torna implausível um componente fonético independente da fonologia. O artigo focaliza o último caso, cuja discussão na literatura é ainda insuficiente. A exposição baseia-se em quatro argumentos. O primeiro sustenta que mesmo as restrições biomecânicas mais fortes são flexíveis. O caso exemplar é a incompressibilidade da língua, decorrência incontornável do seu caráter de hidróstato muscular. O segundo argumento explora a manifestação da incompressibilidade numa região de conhecida instabilidade articulatória, o palato duro, mostrando que algumas das suas consequências estão, contudo, sujeitas a condições bastante abstratas. O terceiro argumento vai além, examinando processos fônicos relacionados à incompressibilidade em línguas com bases articulatórias distintas. O quarto argumento apoia-se em indícios de que as línguas tomam a base articulatória não só como postura preferencial, mas também como plataforma de alavancagem para a aquisição de linguagem. Em conjunto, esses argumentos sugerem fortemente que a Fonologia e a Fonética são interdependentes.
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spelling | doaj.art-2cf9675b233a4a4b870edf552302b4f12022-12-22T03:16:48ZengAssociação Brasileira de LinguísticaCadernos de Linguística2675-49162021-04-012110.25189/2675-4916.2021.v2.n1.id334Física, gramática e pragmática dos sons de falaEleonora C. Albano0Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Este artigo argumenta que a cisão entre a Fonética e a Fonologia deve ser superada em prol de uma visão integrada dos fatos fônicos, que vem obtendo crescente respaldo na literatura. Parte desse respaldo vem da evidência de que certos processos fônicos podem ser categóricos ou gradientes sob condições só ligeiramente distintas, tornando implausível a existência de um componente fonológico independente da fonética. Outra parte do respaldo vem da evidência contra a existência de uma mecânica fônica universal, o que torna implausível um componente fonético independente da fonologia. O artigo focaliza o último caso, cuja discussão na literatura é ainda insuficiente. A exposição baseia-se em quatro argumentos. O primeiro sustenta que mesmo as restrições biomecânicas mais fortes são flexíveis. O caso exemplar é a incompressibilidade da língua, decorrência incontornável do seu caráter de hidróstato muscular. O segundo argumento explora a manifestação da incompressibilidade numa região de conhecida instabilidade articulatória, o palato duro, mostrando que algumas das suas consequências estão, contudo, sujeitas a condições bastante abstratas. O terceiro argumento vai além, examinando processos fônicos relacionados à incompressibilidade em línguas com bases articulatórias distintas. O quarto argumento apoia-se em indícios de que as línguas tomam a base articulatória não só como postura preferencial, mas também como plataforma de alavancagem para a aquisição de linguagem. Em conjunto, esses argumentos sugerem fortemente que a Fonologia e a Fonética são interdependentes. https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos/article/view/334física da falagramática fônicapragmática da oralidade |
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