Summary: | O objetivo deste estudo é realizar uma revisão do marco histórico e explorar o
impacto do encerramento das ditaduras militares no Brasil e na Argentina, em meados dos
anos 1980, no processo de integração entre os dois países. Após décadas de rivalidade,
interna e externa, em que ambos os vizinhos consolidaram a crença de que a ameaça
morava ao lado, os acordos celebrados entre os presidentes José Sarney e Raul Alfonsín
sinalizaram, a partir de 1985, um novo momento na relação bilateral e regional, ao
estabelecer, primeiramente, uma aproximação na delicada política nuclear, um dos focos
principais da histórica desconfiança. Essa etapa abriu caminho também para uma forte
aproximação na esfera econômica. O Programa de Integração e Cooperação Econômica,
instituído em 1986, anunciou de modo explícito o propósito de instituir um “espaço econômico
comum” em que setores da economia dos dois países se complementariam. A percepção
crescente de que ambos tinham muito a ganhar com o processo de integração ajudou a
pavimentar a criação em 1991 do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que reuniria também
o Paraguai e o Uruguai. Tais acordos de integração, não por acaso, tinham como preocupação
dos países signatários do Mercosul o compromisso de que fossem preservadas suas
instituições democráticas.
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