Tirano, louco e incendiário
O imperador Nero foi se constituindo, ao longo de séculos e com o uso de múltiplas linguagens produzidas por diversas culturas, num símbolo bastante universalizado de tirania. Associado, sobretudo, com a loucura e a destruição, serviu para a crítica dos mais diversos governantes que o seguiram e com...
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| Published: |
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
2020-08-01
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| Series: | História da Historiografia |
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| Online Access: | https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1573 |
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| author | Fabio Faversani |
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| description | O imperador Nero foi se constituindo, ao longo de séculos e com o uso de múltiplas linguagens produzidas por diversas culturas, num símbolo bastante universalizado de tirania. Associado, sobretudo, com a loucura e a destruição, serviu para a crítica dos mais diversos governantes que o seguiram e cometeram crimes que pudessem, de algum modo, ser ligados àqueles que foram atribuídos a Nero. Tais aproximações, muito variadas ao longo do tempo e espaço, permitiram a constituição de um amplo e multifacetado repertório de Neros produzidos na política, na literatura, no cinema, na música etc. Esse repertório gerou uma tradição composta da associação do Nero “original” com os diversos personagens e contextos dos “novos” Neros. Essa tradição permitiu ao mesmo tempo uma nova interpretação do passado e uma leitura original do presente. Nesse sentido, há uma construção recíproca e simultânea do(s) passado(s) e do presente, gerando o processo de allelopoiesis, produzindo Neros que não pertencem exclusivamente ao(s) passados ou ao presente, mas mesclam e confundem inextricavelmente essas temporalidades em diferentes sínteses que se comunicam através de uma tradição com a forma de repertório a ser reapropriado e modificado. Esse artigo tem por foco o caso do Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, apelidado de BolsoNero. |
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| institution | Directory Open Access Journal |
| issn | 1983-9928 |
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| publishDate | 2020-08-01 |
| publisher | Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) |
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| series | História da Historiografia |
| spelling | doaj.art-3250abdd8ae34df8b19f639318b9f2362022-12-21T21:17:18ZengUniversidade Federal de Ouro Preto (UFOP); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)História da Historiografia1983-99282020-08-01133337539510.15848/hh.v13i33.15731573Tirano, louco e incendiárioFabio Faversani0Laboratório de Estudos sobre o Império Romano - Universidade Federal de Ouro PretoO imperador Nero foi se constituindo, ao longo de séculos e com o uso de múltiplas linguagens produzidas por diversas culturas, num símbolo bastante universalizado de tirania. Associado, sobretudo, com a loucura e a destruição, serviu para a crítica dos mais diversos governantes que o seguiram e cometeram crimes que pudessem, de algum modo, ser ligados àqueles que foram atribuídos a Nero. Tais aproximações, muito variadas ao longo do tempo e espaço, permitiram a constituição de um amplo e multifacetado repertório de Neros produzidos na política, na literatura, no cinema, na música etc. Esse repertório gerou uma tradição composta da associação do Nero “original” com os diversos personagens e contextos dos “novos” Neros. Essa tradição permitiu ao mesmo tempo uma nova interpretação do passado e uma leitura original do presente. Nesse sentido, há uma construção recíproca e simultânea do(s) passado(s) e do presente, gerando o processo de allelopoiesis, produzindo Neros que não pertencem exclusivamente ao(s) passados ou ao presente, mas mesclam e confundem inextricavelmente essas temporalidades em diferentes sínteses que se comunicam através de uma tradição com a forma de repertório a ser reapropriado e modificado. Esse artigo tem por foco o caso do Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, apelidado de BolsoNero.https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1573nerobolsonarousos da história |
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