Summary: | Qual o lugar das epistemologias marginais e das teorias interseccionais na Ciências da Religião? Para responder a essa questão, o presente artigo se estrutura em três partes. A primeira traz a concepção de epistemologia marginal, ressaltando sua característica principal, a saber, a crítica ao monismo epistemológico ocidental. Na segunda parte, apresentam-se duas formulações teóricas que, a despeito de suas diferenças, propõem o diálogo intercultural como ferramenta teórica e prática que pode, enquanto subversão ao Sistema Mundial Moderno, fazer sucumbirem estruturas hierárquicas entre regiões, populações e culturas no planeta, na medida em que são propostas políticas e éticas frente aos desafios mencionados. Uma e outra reconhecem a necessidade de novas lógicas para se pensar o mundo, bem como trazer à tona lógicas anteriores à modernidade, a exemplo das narrativas religiosas. Por fim, na terceira parte, o artigo apresenta o culto aos orixás, especificamente no Candomblé, com o propósito de demonstrar que religiões marginais, constituídas de elementos culturais pré-modernos, podem ser descolonizadoras, porquanto atuam como agentes do diálogo intercultural. Aqui se revela uma perspectiva para a Ciências da Religião à luz das epistemologias marginais. Em rituais afrorreligiosos, corpos ritmados em som e palavra cantada encarnam elementos culturais anteriores à modernidade.
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