Epidemiologia e saber científico Epidemiology and scientific knowledge
Todo conhecimento, seja ele oriundo do cotidiano ou das interpretações mágicas, religiosas, filosóficas, científicas ou artísticas da realidade, tem sua origem em problemas práticos. Desde a Antigüidade o homem preocupou-se com as doenças e suas causas. Entretanto, os saberes referentes ao processo...
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Published: |
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
1998-04-01
|
Series: | Revista Brasileira de Epidemiologia |
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author | Rita Barradas Barata |
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description | Todo conhecimento, seja ele oriundo do cotidiano ou das interpretações mágicas, religiosas, filosóficas, científicas ou artísticas da realidade, tem sua origem em problemas práticos. Desde a Antigüidade o homem preocupou-se com as doenças e suas causas. Entretanto, os saberes referentes ao processo saúde-doença em sua dimensão coletiva só ultrapassam o limiar de positividade , isto é, só se individualizam como prática discursiva, no século XVII, quando as noções de população, Estado e coletivo ganham significado social. Tais saberes, entretanto, não caracterizam ainda uma disciplina científica com seu conjunto particular de enunciados, normas de verificação e coerência. A superação do limiar de epistemologização só se dará no século XIX, com a incorporação de cálculos estatísticos, formulação de taxas, desenvolvimento de teorias de causalidade e elaboração dos métodos de investigação. Na primeira metade do século XX observa-se a transição da disciplina para a ciência epidemiológica, marcada pela incorporação de instrumentos analíticos da Bioestatística, explicitação do caráter coletivo do objeto e sistematização dos métodos. Atualmente vive-se nova etapa de transição para o limiar de formalização.<br>All knowledge, whether routine or based upon magical, religious, philosophical, scientific or artistic interpretations of reality, originates from practical problems. Since ancient times man has been concerned with diseases and their causes. Nevertheless, knowledge of the health-disease process in its collective sense, only crosses the threshold of positivity, that is to say, it only stands out as a discoursal practice, in the 17th century when the ideas of population, State and collectivity gain social significance. This knowledge, however, does not yet characterize a scientific discipline with its own set of enunciations, rules of investi-gation and coherence. The epistemological threshold will only be crossed in the 19th century with the use of statistics, rates, development of causal theories and definition of research methods. In the first half of the 20th century the transition of the discipline towards epidemiological science occurs by using analytical instruments such as statistics, defining the collective character of the object, and the systematization of methods. The current stage is the transition towards the threshold of formalization. |
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