Zona de tatuagem

Tendo como combustível de criação os acontecimentos da 1ª Guerra Mundial, surge uma ficção literária sobre a construção e a utilização de uma máquina estatal que tatuava no corpo do condenado o texto da sua sentença até que as perfurações o levassem à morte. Escrita por Kafka, a ficção Na colônia pe...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Juliana Farias
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo (USP) 2019-08-01
Series:Revista de Antropologia
Subjects:
Online Access:http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/161091
Description
Summary:Tendo como combustível de criação os acontecimentos da 1ª Guerra Mundial, surge uma ficção literária sobre a construção e a utilização de uma máquina estatal que tatuava no corpo do condenado o texto da sua sentença até que as perfurações o levassem à morte. Escrita por Kafka, a ficção Na colônia penal (1919) mostra uma máquina tatuadora enquanto aparelho judiciário, cuja operação ficava nas mãos de um único agente de Estado. Tal ficção foi lida por Clastres (2003) como um anúncio da mais contemporânea das realidades. Compartilhando do mesmo entendimento, encaminho a discussão tomando como referência o aparelho judiciário da ficção para refletir sobre a produção da zona de tatuagem nos corpos dos moradores de favelas. Aciono para a elaboração do debate as reflexões de Pierre Clastres (2003) sobre a tríplice aliança entre a lei, a escrita e o corpo e de Letícia Ferreira (2009) sobre a trajetória burocrática de corpos.
ISSN:0034-7701
1678-9857