Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúde Violence against women: a study in a primary healthcare unit

OBJETIVO: É escasso o conhecimento sobre a ocorrência de violência contra a mulher no contexto brasileiro. A questão raramente aparece nos diagnósticos e nas condutas realizados nos serviços de saúde, apesar da magnitude e das importantes repercussões dessa forma de violência nas condições de saúde...

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Bibliographic Details
Main Authors: Lilia Blima Schraiber, Ana Flávia PL d'Oliveira, Ivan França-Junior, Adriana A Pinho
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo 2002-08-01
Series:Revista de Saúde Pública
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description OBJETIVO: É escasso o conhecimento sobre a ocorrência de violência contra a mulher no contexto brasileiro. A questão raramente aparece nos diagnósticos e nas condutas realizados nos serviços de saúde, apesar da magnitude e das importantes repercussões dessa forma de violência nas condições de saúde da população. Buscou-se encontrar casos de violência contra a mulher, identificando a natureza do ato perpetrado, a qualidade/gravidade da violência e a relação do(a) agressor(a) com a mulher. MÉTODOS: O estudo foi realizado no Município de São Paulo, entre usuárias de uma unidade básica de saúde, durante dois meses, em 1998. A busca ativa de casos de violência e sua freqüência foi realizada mediante entrevista padronizada, aplicada a todas as mulheres de 15 a 49 anos que foram atendidas no período da pesquisa. Foram entrevistadas 322 mulheres. RESULTADOS: Ao todo, 143 usuárias (44,4%; IC95%=38,9-49,8%) relataram pelo menos um episódio de violência física na vida adulta, sendo que, em 110 casos, o ato de violência partiu de companheiros ou familiares (34,1%; IC95%=28,9-39,3%). Relataram a ocorrência de pelo menos um episódio de violência sexual na vida adulta 37 mulheres (11,5%; IC95%=8,0-14,9%); em 23 casos, os autores da ação eram companheiros ou familiares (7,1%; IC95%=4,3-9,9%). CONCLUSÕES: Assim como já demonstrado em outros países, a violência física e sexual teve alta magnitude entre as mulheres usuárias dos serviços básicos de saúde. Os companheiros e familiares são os principais perpetradores, e os casos são, em sua maioria, severos e repetitivos.<br>OBJECTIVES: There is scarce information on violence against women in the Brazilian society. This fact is rarely reported in medical records as part of the diagnosis and case management, despite evidence showing the significant impact of violence on the population's health. The study aim was to estimate the occurrence of violence against women, and to determine the nature and magnitude of the violent action and the relationship between women and her aggressors. METHODS: The study was conducted among women seen in a primary care unit of the city of São Paulo, Brazil, in a two-month period in 1998. The occurrence of violence cases was ascertained using standardized interviews to all women aged 15 to 49 years who sought health care during the study. Three-hundred and twenty-two women were interviewed. RESULTS: Of the participants, 143 (44.4%; IC95%=38.9-49.8%) reported at least one episode of physical violence in their adult life, 110 of those perpetrated by their partners or family members (34.1%; IC95%=28.9-39.3%). Thirty-seven women (11.5%; IC95%=8.0-14.9%) reported at least one episode of sexual violence in their adult life, 23 of those perpetrated by their partners or family members (7.1%; IC95%=4.3-9.9%). CONCLUSIONS: As reported in other countries, physical and sexual violence is highly frequent among women seen in primary care services. In most cases their partners and family members are the perpetrators and the episodes are mostly serious and recurrent.
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