Summary: | Este artigo procura analisar a relação entre loucos e não-loucos em São João del-Rei entre o fim do século XIX e o começo do século XX a partir da análise da figura dos “tipos de rua”, loucos geralmente ligados ao universo do não-trabalho e de alguma forma marcantes para o cotidiano da cidade. Essas personagens, parte da paisagem urbana brasileira, se tornaram objeto de intervenção do poder-saber psiquiátrico com a ascensão de discursos e práticas alienistas no Brasil desde meados do Oitocentos. Por meio principalmente do exame de periódicos, procuramos entender como a população, dentro dela, as elites letradas locais compreendiam e lidavam com a presença desses sujeitos, em particular, e dos loucos e pobres, em geral, num contexto de normatização do espaço urbano e dos habitantes sob os conceitos de “trabalho” e “civilização”. A relação entre a cidade e seus loucos mostrava-se complexa na medida em que dela faziam parte atores leigos, não-especializados, marcada ainda por mostras de simpatia para com os tipos de rua e de agência desses sujeitos.
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