Decifra-me ou te devoro! As finanças e a sociedade brasileira

O texto pretende sustentar a existência de um modo financeiro de dominação na sociedade brasileira do início do século XXI. Para tanto, ele sugere uma cronologia para as transformações recentes da cultura econômica brasileira e mobiliza evidências em várias esferas: (i) sobre o sucesso da retórica q...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Roberto Grün
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 2007-10-01
Series:Mana
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132007000200004
Description
Summary:O texto pretende sustentar a existência de um modo financeiro de dominação na sociedade brasileira do início do século XXI. Para tanto, ele sugere uma cronologia para as transformações recentes da cultura econômica brasileira e mobiliza evidências em várias esferas: (i) sobre o sucesso da retórica que justifica as altas taxas de juros ali existentes, que seriam o resultado da desorganização da sociedade brasileira; (ii) sobre a propagação da governança corporativa, que é cada vez mais considerada o método correto de se gerir e avaliar organizações que se querem modernas; (iii) sobre a lógica da crítica direta à dominação financeira, que tenta personificá-la em indivíduos "exemplares". Nos três casos, a proeminência dos argumentos que sustentam os pontos de vista das finanças, vistos como positivos no quadro sugerido pela cronologia, são contrapostos às dificuldades da sua crítica, que é associada às suas polaridades negativas.<br>The article argues for the existence of a financial mode of domination in Brazilian society at the start of the 21st century. In support of this claim, it provides a chronology of the recent transformations in Brazilian economic culture and draws evidence from various spheres: (i) on the success of the rhetoric justifying the continuance of high interest rates in the country, supposedly a response to the disorganization of Brazilian society; (ii) on the propagation of corporate governance, increasingly advocated as the ideal method for managing and evaluating 'modern' organizations; (iii) on the logic adopted by the explicit critique of financial domination, which attempts to personify the phenomenon in the form of 'exemplary' individuals. In all three cases, the pre-eminence of the arguments sustaining the financial viewpoint - seen as positive within the ideological framework of the proposed chronology - are contrasted with the difficulties faced by its critique, associated with its negative poles.
ISSN:0104-9313
1678-4944