Summary: | Os desafios da (sobre)vivência em tempos sombrios, marcados pelo poder destruidor de um
vírus e pela força igualmente devastadora de uma necropolítica (MBEMBE, 2016) são sentidos
em diversas esferas da sociedade, com impactos significativos para a educação linguística
contemporânea. Nesse contexto, a privação do contato social como resultado da instauração
forçada do ensino remoto mostrou-se desafiadora para a construção da sala de aula como um
espaço de sentimento, intimidade (HOOKS, 2017) e de amorosidade esperançada (FREIRE,
2013, 2014). Este é o difícil cenário que circunscreve a sequência didática discutida neste artigo.
A proposta, que foi trabalhada em uma disciplina de Língua Inglesa com alunos universitários,
parte de um texto literário para discutir racismo, afetividade e (falta de) esperança. As temáticas
sensíveis reverberaram nas emoções dos alunos, mostrando-se dolorosas para muitos deles
e levantando questionamentos de diversas ordens. Assim, o objetivo deste artigo é discutir o
potencial do afeto para a educação linguística em sua interface com o letramento crítico, a fim
de favorecer o diálogo, a escuta corporificada e a esperança, mesmo em situações de conflito
inerentes ao trabalho com a criticidade.
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