Summary: | O artigo visa investigar o fundamento e a pertinência das proximidades apontadas entre a poesia de Alberto Caeiro e o budismo Zen por vários intérpretes pessoanos, particularmente a respeito da questão de śūnyatā, a "vacuidade", não-existência intrínseca dos fenómenos ou interdependência universal, cujo reconhecimento na tradição budista se traduz no dinamismo sabedoria-compaixão. Perante a tese caeiriana da existência substancial das "coisas" e a ausência de uma ética da compaixão, cremos haver uma divergência fundamental entre a sua poesia e qualquer forma de visão-experiência budista do mundo, incluindo a Zen. Isto não obsta a que, a um nível formal e mais exterior, sejam compreensíveis várias das afinidades entre Caeiro, o budismo e o Zen apontadas pelos referidos intérpretes.
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