Summary: | A proposta deste artigo é apresentar uma análise comparativa de dois romances portugueses contemporâneos: O vento assobiando nas gruas, de Lídia Jorge, e Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares analisando o ponto temático comum entre os autores, qual seja: o da formação discursiva por parte de indivíduos considerados doentes mentais e o interdiscurso existente entre eles, responsável pela criação de uma verdade, e os dos normatizadores, que os interpelam, invalidando-os. Ancorados nas teorias foucaultianas que tratam do rompimento entre a linguagem comum que havia entre a Razão e a Loucura, ocorrido a partir do século XVII, analisaremos como o tema retrata os conflitos prementes da contemporaneidade, e de que modo está sendo abordado pelos dois escritores. As obras escolhidas apresentam o discurso de personagens diagnosticadas com diferentes graus de loucura, que buscam elos perdidos com o mundo a seu redor por meio de dificultosos processos de enunciação provenientes de seres obsessivos, dementes e fantasiosos, nos quais a diferença é apontada como característica principal.
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