A ontologia do negativo: na língua, verdadeiramente, só existem diferenças?
Nenhuma tese contribuiu mais para o eco filosófico das linguísticas estruturais do que a célebre frase de Saussure: “Na língua, só existem diferenças, sem termo positivo”. É também uma das mais criticadas: o caráter diferencial do signo não decorre, simplesmente, de a linguagem ser um meio limitado...
Main Authors: | , |
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade de São Paulo
2020-12-01
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Series: | Manuscrítica |
Subjects: | |
Online Access: | https://www.revistas.usp.br/manuscritica/article/view/178302 |
Summary: | Nenhuma tese contribuiu mais para o eco filosófico das linguísticas estruturais do que a célebre frase de Saussure: “Na língua, só existem diferenças, sem termo positivo”. É também uma das mais criticadas: o caráter diferencial do signo não decorre, simplesmente, de a linguagem ser um meio limitado que deve comunicar mensagens em número ilimitado? (cf. Jakobson, Martinet, depois V. Descombes ou Th. Pavel)? Mostra-se aqui que essa evasão da questão ontológica tem, contudo, um custo teórico: ela obriga a aderir a uma concepção funcionalista da linguagem e a uma semântica referencialista. Ademais, contrariamente à interpretação habitual, apenas o significante e o significado separadamente são diferenciais; o signo em totalidade, esse, é positivo. Por meio de uma releitura de Bergson e Hegel, mostra-se que a noção de diferença qualitativa pura é filosoficamente insustentável, e procura-se reconstituir a teoria do valor por meio da distinção entre diferença e oposição. Obtém-se daí uma concepção diferente da ideia segundo a qual o que caracteriza a espécie humana é sua capacidade simbólica. |
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ISSN: | 1415-4498 2596-2477 |