Summary: | O presente artigo busca evidenciar a relação entre saúde mental e espiritualidade a partir da escrita de si em Etty Hillesum, jovem judia que viveu em Amsterdã entre os anos de 1940 e 1943. De uma pessoa inconstante e com muitos episódios de ansiedade e depressão, Etty Hillesum tornou-se bálsamo para as feridas de tantos homens e mulheres que eram perseguidos durante a ascensão nazista. Além da apurada incursão biográfica, esta pesquisa estuda a escrita de si –escrita em diários – como a catalisadora da espiritualidade desenvolvida por Etty Hillesum, espiritualidade que contrariava o descompasso humano que a rodeava. Inicialmente assumida como terapia, a escrita nos diários assume o lugar de encontro consigo e com Deus. Desta relação dual – eu e Deus - verte uma nova atitude diante da realidade, marcada pelo cuidado de si que transborda em cuidado para com o outro e para com o mundo. Diante das atuais crises humanitárias, refletir os modos pelos quais Etty Hillesum fez seu processo de integração em meio ao caos, parece um importante aporte à sociedade que busca cada dia mais cuidado terapêutico e espiritual.
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