DESFECHOS E FATORES DE RISCO PARA SOBREVIDA EM LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA T: UM ESTUDO MULTICÊNTRICO BRASILEIRO
Introdução: Leucemia linfoblástica T (LLA-T) representa cerca de 25% de todos os casos de LLA diagnosticadas em adultos. Esses casos são frequentemente estudados junto com casos de LLA-B, apesar de suas diferenças biológicas, ou com linfoma linfoblástico T (LL-T), que demonstra um prognóstico mais f...
Main Authors: | , , , , , , , , , |
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Elsevier
2023-10-01
|
Series: | Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
Online Access: | http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006818 |
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author | DLF Silva BKL Duarte YC Oliveira C Piaia JSR Aragão IHB Massaut ED Velloso V Rocha EM Rego WFS Júnior |
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description | Introdução: Leucemia linfoblástica T (LLA-T) representa cerca de 25% de todos os casos de LLA diagnosticadas em adultos. Esses casos são frequentemente estudados junto com casos de LLA-B, apesar de suas diferenças biológicas, ou com linfoma linfoblástico T (LL-T), que demonstra um prognóstico mais favorável. O objetivo deste estudo é relatar os resultados e encontrar fatores prognósticos em adultos com LLA-T de um estudo multicêntrico brasileiro. Métodos: Esta é uma coorte retrospectiva conduzida em quatro diferentes centros médicos acadêmicos localizados em três estados diferentes do Brasil. O estudo incluiu pacientes (pcts) com idade igual ou superior a 15 anos, diagnosticados com LLA-T entre jan de 2009 e jun de 2022. Os dados foram coletados dos prontuários após aprovação ética. Os desfechos de SG foram calculados por Kaplan-Meier, com análise de regressão de Cox para encontrar fatores de risco. A recaída e a mortalidade não recaída (MNR) foram calculadas por meio de análise de risco competitivo. Resultados: 97 pacientes foram incluídos no estudo, com idade mediana de 27 anos (15-82). LLA-T tímica representou 50% dos casos. Bulky mediastinal foi relatado em 48% e a positividade geral da avaliação inicial do líquor foi de 12,5% (por morfologia ou citometria de fluxo). 88% dos pcts foram tratadados com regimes pediátricos (baseados em ASP), principalmente GMALL adaptado (43%) e BFM adaptado (22%). ASP nativa de E. coli foi usada em 76% dos pcts e PEG-ASP foi utilizada nos demais casos. Cerca de 15% dos pacientes tiveram trombose, sendo 64% associados ao uso da ASP. Após o tratamento inicial, 77,3% dos pcts alcançaram RC. 11,3% dos pcts foram a óbito durante a indução, enquanto 8% foram refratários. A análise univariada para RC mostrou correlação com idade (p = 0,002), bulky (p = 0,016) e uso de ASP (p = 0,009). O seguimento mediano foi de 6 anos. TCTH alogênico foi realizado em 18 pcts, sendo 11/18 na primeira RC. A SG em 5 anos e a SLE em 5 anos foram de 43,7% (IC95%:34,4-55,5) e 36,4% (IC95%:27,9-47,5). A taxa de recaída em 5 anos e a MNR foram de 35,6% e 27,9%, respectivamente. Entre os pcts que se submeteram ao TCTH alogênico, a SG foi de 64%. Na análise univariada, a idade mais avançada (HR 1,02 [1,01-1,04], p < 0,01) foi associada a menor SG. Já LLA-T tímica (HR 0,53 [0,3-0,96], p = 0,03) e uso de ASP (HR 0,34 [0,16-0,71], p < 0,01) foram associados a maior SG. A contagem inicial de leucócitos não foi estatisticamente associada à SG. Posteriormente, realizamos uma análise de subgrupo focada na população AYA (idade entre 15-45 anos). Nesse subgrupo (n = 85), 89% foram tratados com ASP e a SG5 foi de 46,5%. Na análise univariada, a trombose (HR 2,21 [1,09-4,48], p = 0,02) foi associada a menor SG, enquanto LLA-T tímica (HR 0,48 [0,24-0,93], p = 0,03) e o uso de ASP (HR 0,31 [0,13-0,75], p < 0,01) foram associados a maior SG. Na análise multivariada, LLA-T tímica (HR 0,50 [0,25-0,98], p = 0,04) e trombose (HR 2,23 [0,97-5,13], p = 0,054) permaneceram associadas à SG, enquanto a idade mais avançada não foi (HR 1,004 [0,96-1,04], p = 0,81). Conclusão: Os resultados deste registro são comparáveis com estudos mais antigos dos grupos GMALL, UKALL e JALSG. Atualmente, grupos europeus têm relatado taxas de SG acima de 70% para adultos com LLA-T. Em nosso cenário, mesmo na população AYA, a SG ficou abaixo do esperado. O aumento da MNR devido à toxicidade e o acesso limitado ao TCTH alogênico podem ter contribuído para esses resultados. A LLA-T tímica continua sendo um subtipo de menor risco, já a trombose surgiu como um fator de risco independente para a SG na população AYA, porém requer mais pesquisas. Até onde sabemos, este é o primeiro estudo específico sobre LLA-T em adultos da América Latina. |
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publishDate | 2023-10-01 |
publisher | Elsevier |
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series | Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
spelling | doaj.art-416e85d433ad40c5972d3d0b8b4a6f782023-10-20T06:41:59ZengElsevierHematology, Transfusion and Cell Therapy2531-13792023-10-0145S249S250DESFECHOS E FATORES DE RISCO PARA SOBREVIDA EM LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA T: UM ESTUDO MULTICÊNTRICO BRASILEIRODLF Silva0BKL Duarte1YC Oliveira2C Piaia3JSR Aragão4IHB Massaut5ED Velloso6V Rocha7EM Rego8WFS Júnior9Divisão de Hematologia, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, BrasilHematologia, Hospital de Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, BrasilHematologia, Instituto Nacional de Câncer (INCA), Rio de Janeiro, RJ, BrasilHematologia, Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina (CEPON), Florianópolis, SC, BrasilHematologia, Instituto Nacional de Câncer (INCA), Rio de Janeiro, RJ, BrasilHematologia, Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina (CEPON), Florianópolis, SC, BrasilDivisão de Hematologia, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, BrasilDivisão de Hematologia, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, BrasilDivisão de Hematologia, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, BrasilDivisão de Hematologia, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, BrasilIntrodução: Leucemia linfoblástica T (LLA-T) representa cerca de 25% de todos os casos de LLA diagnosticadas em adultos. Esses casos são frequentemente estudados junto com casos de LLA-B, apesar de suas diferenças biológicas, ou com linfoma linfoblástico T (LL-T), que demonstra um prognóstico mais favorável. O objetivo deste estudo é relatar os resultados e encontrar fatores prognósticos em adultos com LLA-T de um estudo multicêntrico brasileiro. Métodos: Esta é uma coorte retrospectiva conduzida em quatro diferentes centros médicos acadêmicos localizados em três estados diferentes do Brasil. O estudo incluiu pacientes (pcts) com idade igual ou superior a 15 anos, diagnosticados com LLA-T entre jan de 2009 e jun de 2022. Os dados foram coletados dos prontuários após aprovação ética. Os desfechos de SG foram calculados por Kaplan-Meier, com análise de regressão de Cox para encontrar fatores de risco. A recaída e a mortalidade não recaída (MNR) foram calculadas por meio de análise de risco competitivo. Resultados: 97 pacientes foram incluídos no estudo, com idade mediana de 27 anos (15-82). LLA-T tímica representou 50% dos casos. Bulky mediastinal foi relatado em 48% e a positividade geral da avaliação inicial do líquor foi de 12,5% (por morfologia ou citometria de fluxo). 88% dos pcts foram tratadados com regimes pediátricos (baseados em ASP), principalmente GMALL adaptado (43%) e BFM adaptado (22%). ASP nativa de E. coli foi usada em 76% dos pcts e PEG-ASP foi utilizada nos demais casos. Cerca de 15% dos pacientes tiveram trombose, sendo 64% associados ao uso da ASP. Após o tratamento inicial, 77,3% dos pcts alcançaram RC. 11,3% dos pcts foram a óbito durante a indução, enquanto 8% foram refratários. A análise univariada para RC mostrou correlação com idade (p = 0,002), bulky (p = 0,016) e uso de ASP (p = 0,009). O seguimento mediano foi de 6 anos. TCTH alogênico foi realizado em 18 pcts, sendo 11/18 na primeira RC. A SG em 5 anos e a SLE em 5 anos foram de 43,7% (IC95%:34,4-55,5) e 36,4% (IC95%:27,9-47,5). A taxa de recaída em 5 anos e a MNR foram de 35,6% e 27,9%, respectivamente. Entre os pcts que se submeteram ao TCTH alogênico, a SG foi de 64%. Na análise univariada, a idade mais avançada (HR 1,02 [1,01-1,04], p < 0,01) foi associada a menor SG. Já LLA-T tímica (HR 0,53 [0,3-0,96], p = 0,03) e uso de ASP (HR 0,34 [0,16-0,71], p < 0,01) foram associados a maior SG. A contagem inicial de leucócitos não foi estatisticamente associada à SG. Posteriormente, realizamos uma análise de subgrupo focada na população AYA (idade entre 15-45 anos). Nesse subgrupo (n = 85), 89% foram tratados com ASP e a SG5 foi de 46,5%. Na análise univariada, a trombose (HR 2,21 [1,09-4,48], p = 0,02) foi associada a menor SG, enquanto LLA-T tímica (HR 0,48 [0,24-0,93], p = 0,03) e o uso de ASP (HR 0,31 [0,13-0,75], p < 0,01) foram associados a maior SG. Na análise multivariada, LLA-T tímica (HR 0,50 [0,25-0,98], p = 0,04) e trombose (HR 2,23 [0,97-5,13], p = 0,054) permaneceram associadas à SG, enquanto a idade mais avançada não foi (HR 1,004 [0,96-1,04], p = 0,81). Conclusão: Os resultados deste registro são comparáveis com estudos mais antigos dos grupos GMALL, UKALL e JALSG. Atualmente, grupos europeus têm relatado taxas de SG acima de 70% para adultos com LLA-T. Em nosso cenário, mesmo na população AYA, a SG ficou abaixo do esperado. O aumento da MNR devido à toxicidade e o acesso limitado ao TCTH alogênico podem ter contribuído para esses resultados. A LLA-T tímica continua sendo um subtipo de menor risco, já a trombose surgiu como um fator de risco independente para a SG na população AYA, porém requer mais pesquisas. Até onde sabemos, este é o primeiro estudo específico sobre LLA-T em adultos da América Latina.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006818 |
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