Sumari: | Máquina de esperar é um livro desviante. Em geral, pensa-se a fotografia enclausurada em um instante fora da duração e interior à cronologia. Nem simultaneidade, nem complexidade temporal, nem virtualidade, apenas superfície espacial. Por vezes, julga-se que as imagens borradas, apenas elas, fazem o tempo comparecer. Introduziriam a duração no fotográfico somente por serem imagens obtidas através de longas exposições. O instante fotográfico não; se o tempo aparece ali, é porque se configura como captura espacial, síntese espacial. O cinema seria a duração e a fotografia, a paralisia; a contração radical do movimento. Haveria fotografias no tempo e não tempos na fotografia. Maurício Lissovsky, no entanto, projeta novas luzes ao tema: densifica o instante fotográfico, o toma como salto e cristalização; supõe um agora necessariamente imbricado entre tempos, necessariamente complexo e composto. Na esteira de autores como Bérgson, Benjamin, Simondon e Deleuze, o autor trabalha com uma concepção de tempo heterogênea, tomando o instante fotográfico como momento que, na realidade, funda a fotografia como significativo portal de tempos: futuros passados, passados presentes, presentes futuros concomitantes.
|