Summary: | Este artigo aborda as experiências das catadoras de materiais recicláveis diante das implicações provocadas pela pandemia da COVID-19 em uma associação no Distrito Federal (DF). O objetivo principal foi compreender a situação de vida precária das mulheres catadoras inseridas em uma desigualdade sistêmica e institucional do capitalismo. Para tanto, foi realizada uma etnografia que combinou técnicas de observação, interação e escuta (conversas informais e entrevistas semiestruturadas). Através disso, permitiu-se o acompanhamento do cotidiano de vida dessas mulheres, desde a instauração de uma das maiores crises sanitária da humanidade até o período do retorno às atividades laborais. Os resultados revelaram que as catadoras estão inseridas na lógica de precarização da vida sendo que as condições foram agravadas com a chegada do novo coronavírus quando aumentou a vulnerabilidade relacionada ao vínculo de trabalho informal, a insalubridade e os riscos à saúde inerentes à ocupação e às dificuldades de acesso aos serviços de saúde e assistência social. O contexto mostra uma lida complexa relacionada ao medo do desemprego, às dificuldades e às barreiras do ingresso no mercado de trabalho e de manutenção da própria subsistência. Sobretudo, isso agravou-se de forma mais intensa diante da ausência de políticas e programas voltados para elas: o Estado fez pouco para a redução dos impactos da pandemia em suas vidas. Assim, a crise sanitária instaurada refletiu a fragilidade delas em face ao ciclo da reciclagem. Este fato demonstra a necessidade urgente de ações governamentais que abarquem esse grupo social tanto no momento da pandemia quanto pós-pandemia da COVID-19, visando superar a invisibilidade social
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