Summary: | Neste artigo, nosso objetivo é refletir com e acerca do trabalho Carta ao pai (2015), da artista visual Elida Tessler, cujo pensamento artístico se constrói nas fronteiras entre literatura e artes visuais, imagem e palavra. Nessa obra, inspirada pelo livro homônimo de Franz Kafka (1952), a artista também se dirige ao próprio pai, mas em uma grafia sem alfabeto, que se constrói no e com o pensamento de que uma escrita também pode se dar de outros modos, por outros meios. Em diálogo com Roland Barthes, Maurice Blanchot, Jean-Luc Nancy, Giorgio Agamben, entre outros pensadores, analisamos a escrita de Tessler como uma carta fracassada, pura contingência, que nunca chegará ao destinatário, mas, dirigindo-se ao corpo-memória do pai, pode provocar uma abertura de sentidos, em um gesto poético de envio entre o limite e o impossível.
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