AVALIAÇÃO DA ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO NA COVID-19 COM D-DÍMERO SUPERIOR A 3.000 NG/ML FEU

Introdução: Na COVID-19 o D-dímero aumentado é um marcador de gravidade e foi observado que o sistema complemento está ativado em alguns pacientes com pior evolução clínica. Ambos os sistemas compartilham proteases ativas com possibilidade de sobreposição entre os mesmos. Objetivo: Avaliar a via do...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: DGM Catarino, JO Bordin, FR Moreira
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2023-10-01
Series:Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923010106
Description
Summary:Introdução: Na COVID-19 o D-dímero aumentado é um marcador de gravidade e foi observado que o sistema complemento está ativado em alguns pacientes com pior evolução clínica. Ambos os sistemas compartilham proteases ativas com possibilidade de sobreposição entre os mesmos. Objetivo: Avaliar a via do complemento em pacientes com COVID-19 e D-dímero aumentado. Método: Entre 12/02 a 02/06/2021 foi realizado, em pacientes internados com COVID-19 confirmado e D-dimero maior 3.000 ng/mL FEU, após assinatura do TCLE, coleta sanguínea única para dosagem sérica para dosagem de D-dímero, ativação da via clássica (CH50), ativação da via alternativa (AH50), componentes C2, C3, C4 C5, fator H (fH) do complemento; trombomodulina (TM), além de Interleucina 6 (IL-6); fibrinogênio; haptoglobina; ferritina e coombs direto Resultados: Cinquenta pacientes foram incluídos no estudo; idade mediana (Q1, Q3) 62 anos (53.8, 68.0); 72% sexo masculino; 52% hipertensos; 46% obesos; 34% diabéticos; 26% doença cardíaca; 10% asmáticos e 6% diagnóstico prévio de neoplasia. A mediana entre o início dos sintomas da COVID-19 e a coleta de sangue foi de 15 dias (13.0, 19.0); No momento da coleta, 94% estavam internados na UTI, 64% em ventilação mecânica invasiva (VM); 72% em uso de antimicrobianos; 100% em uso de corticoide; 98% anticoagulados; 37% em uso de droga vasoativa e 6% em diálise. Em relação ao resultado laboratoriais, 89% apresentavam aumento da dosagem de IL-6; 77% de fibrinogênio; 59% de haptoglobina; 85% de ferritina e 100% coombs direto negativo. Na internação hospitalar, 42% tiveram confirmação diagnóstica de TVP/TEP por meio de exames de imagem. Em relação ao desfecho vital, 28% foram a óbito sendo que, no momento da coleta, 100% desses pacientes apresentavam haptoglobina aumentada (p = 0.0082), 67% fibrinogênio normal (p = 0.0093) e 93% linfopenia (p = 0.0211). Dosagem de CT e/ou AH50 alterada (fora do valor de referência (VR) do teste) foi observada em 44% dos pacientes da amostra que foi dividida em três grupos de acordo com a dosagem de CH50 e AH50 com resultado normal (dentro do VR do teste) ou alterado: G1: CH50 e AH50 normais; G2: CH50 alterado e AH50 normal e G3- AH alterado e CH50 normal ou alterado. Foi observado entre os 3 grupos independentes diferença estatisticamente significativa na mediana das dosagens de CH50 (p < 0.001), AH50 (p < 0.001) e C3 (p = 0,023). Em comparações múltiplas de proporções 2 a 2 grupos houve diferença significativa em relação a mediana das dosagens de CT entre os grupos 1vs 2 (p <.001), 1vs 3 (p = 0,005) e 2vs 3 (p = 0,002); de AH50 nos gupos 1vs3 (p <.001), 2vs 3 (p <.001); e de C3: 2vs 3 (p = 0,038). Discussão: Dessa forma, no G3 foi observado maior ativação da AH50 e tendência na redução do nível de C3. Os dados demonstram que i) pacientes com maior ativação da AH50 (G3) precisaram de maior suporte respiratório (91%) quando comparado aos do G1 (46%) e G2 (77%), p = 0.0109; ii) Pacientes com níveis mais elevados de TM e fH (G2) apresentaram menor mortalidade (11%) quando comparado aos pacientes dos G1 (32%) e G3 (25%). Conclusão: A mortalidade foi consideravelmente mais alta que a registrada na instituição em pacientes COVID-19 confirmado no mesmo período, corroborando com os critérios de gravidade da amostra. Outros estudos precisam ser realizados para melhor entendimento da interação da via da coagulação e do complemento na COVID-19. Os achados do estudo podem ser úteis para guiar o uso de medicações no tratamento desses pacientes.
ISSN:2531-1379