Mário Juruna: “o Governo Brasileiro tem medo de me deixar ir”. As estratégias político-jurídicas do indígena Xavante para participar do IV Tribunal Russell em 1980
Liderança de destaque do movimento indígena nas décadas de 1970 e 1980, o Xavante Mário Juruna foi convidado para representar os povos originários no IV Tribunal Russell, realizado na Holanda em 1980, cuja finalidade era denunciar e julgar crimes cometidos contra os povos indígenas nas Américas. Ba...
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Universidade do Estado de Santa Catarina
2023-12-01
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author | Michelle Reis de Macedo |
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Liderança de destaque do movimento indígena nas décadas de 1970 e 1980, o Xavante Mário Juruna foi convidado para representar os povos originários no IV Tribunal Russell, realizado na Holanda em 1980, cuja finalidade era denunciar e julgar crimes cometidos contra os povos indígenas nas Américas. Baseando-se no regime de tutela, a Funai e o Ministro do Interior Mário Andreazza negaram autorização para a saída de Juruna do país, alegando sua incapacidade de representar o Brasil naquele evento. Crítico frequente da política indigenista na Ditadura Civil-Militar brasileira, Mário Juruna não mediu esforços para enfrentar a decisão e entrou com um mandado de segurança no Tribunal Federal de Recursos contra o ato do Executivo. A partir desse episódio histórico, neste artigo, analisamos os argumentos e as atitudes de autoridades na Ditadura baseados no poder tutelar que reforça a tese da colonialidade como aspecto estruturante das relações políticas e sociais no Brasil em fins do século XX. Porém, mais do que isso, destacamos o protagonismo da liderança Xavante Mário Juruna nos embates políticos contra o governo brasileiro a fim de contribuir para a compreensão diacrônica das mobilizações históricas dos povos originários no Brasil por reconhecimento e autonomia.
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